Mais parques no Rio

O Globo, Opinião, p. 7 - 19/09/2008
Mais parques no Rio

André Ilha

Reduzida a meros sete por cento de sua área original, a Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do planeta e permanece sob contínua pressão, pois em seu domínio habitam cerca de oitenta por cento da população brasileira. 0 estabelecimento de áreas protegidas é uma das estratégias mais eficientes para a sobrevivência das espécies mais ameaçadas, para a garantia da manutenção das funções ecológicas dos ecossistemas e, ainda, para a preservação da paisagem. E como boa parte desses remanescentes é composta por florestas já alteradas pela ação humana, nenhuma medida para a preservação do que restou pode ser considerada exagerada.
No Brasil, essas áreas protegidas são divididas em dois grandes grupos: as de proteção integral (parques, reservas e estações ecológicas) e as de uso sustentável (entre as quais as áreas de proteção ambiental). As primeiras não permitem moradores permanentes. mas podem ser visitadas para fins recreativos e educativos. Já as unidades de uso sustentável buscam harmonizar as atividades humanas com uma relativa preservação do ambiente natural, o que converge para o nem sempre bem empregado conceito de desenvolvimento sustentável.
Em um bioma tão agredido e fragmentado como a Mata Atlântica, apenas o estabelecimento de uma sólida rede de unidades de conservação de proteção integral pode trazer alguma esperança de que os erros do passado, baseados em um antropocentrismo fundamentalista, não se repitam. No Rio de Janeiro, o governo tem trabalhado no sentido de duplicar a área das unidades de proteção integral. Os Parques Estaduais da Ilha Grande e da Serra da Tiririca foram ampliados e, no Sul do estado, surgiu o Parque Estadual Cunhambebe, com 38 mil hectares. A criação de outros parques, na Costa do Sol e em São João da Barra, é alvo de estudos técnicos. 0 governo estadual irá ainda certificar novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), com o apoio de pessoas que, num gesto inspirador, estão destinando milhares de hectares para a preservação da Mata Atlântica.
Ao mesmo tempo, a Secretaria do Ambiente e o Instituto Estadual de Florestas implantam e consolidam os parques já existentes para que eles possam ser mais bem fiscalizados e receber adequadamente visitantes brasileiros e do exterior. A previsão de investimento, nos próximos três anos, totaliza cerca de RS 60 milhões. Com isso, as unidades de proteção integral cumprirão com mais eficiência a sua destinação legal, que é a preservação da Natureza aliada à visitação pública, transformando-se, além disso, em autênticos pólos de desenvolvimento regional.

André Ilha é presidente da Fundação Instituto Estadual de Florestas do Rio.

O Globo, 19/09/2008, Opinião, p. 7
UC:Parque

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Ilha Grande (PES)
  • UC Serra da Tiririca
  • UC Cunhambebe
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.