Manejo sustentável de jacarés garante renda extra para moradores do Cuniã

Rondonotícias - http://www.rondonoticias.com.br - 01/11/2012
Pelo segundo ano consecutivo, os moradores da região do Cuniã, localizada a cerca de 100 quilômetros de Porto Velho, fazem do manejo sustentável de jacarés uma nova fonte de renda. No dia 19 de outubro, a Cooperativa dos Moradores, Agricultores, Pescadores e Extrativistas do Cuniã (Coopcuniã) iniciou o abate de jacarés nos 18.000 hectares do Lago Cuniã, que correspondem a 30% da área da Reserva Extrativista.

A autorização para o abate é concedida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) pela necessidade de controle da população de jacarés que chega atualmente a cerca de 36.000 animais na região. Para se ter uma ideia, conforme informações do chefe da Reserva Extrativista, Cristiano Andrey Souza do Vale, que é também analista ambiental do ICMBIO, é comum a existência de 100 jacarés por quilômetro quadrado. No Lago do Cuniã alguns locais registram até 250 animais por quilômetro quadrado. "Este manejo sustentável dos jacarés, que está de acordo com as leis das unidades de conservação, é muito importante porque permite o controle da população de animais e a geração de emprego e renda para a comunidade local", explica o analista. Serão abatidos menos de 1,5% dos animais, dos 10% autorizados pelo ICMBIO.

Gilberto Pereira Raposo faz parte do Conselho Fiscal da Cooperativa. Ele conta que o abate de jacarés incrementou a renda dos moradores do Cuniã que vivem da pesca, do plantio de mandioca e do extrativismo do açaí e da castanha. "Conseguiremos adequar a população de jacarés na região e melhorar a renda de nossa comunidade. Ano passado tivemos um ótimo retorno com a venda da carne e temos boas expectativas para este ano", declara.

O manejo sustentável de jacarés na Reserva Extrativista do Lago do Cuniã só foi possível com o apoio da Santo Antônio Energia que investiu, desde 2010, aproximadamente R$ 1 milhão na construção do abatedouro, equipamentos, licenciamento e na capacitação dos moradores da região que aprenderam a capturar os animais, abater, limpar, separar os cortes e o couro, embalar e realizar a comercialização. Os recursos aplicados pela concessionária são oriundos do subcredito socioambiental do BNDES.

Este trabalho de manejo sustentável de jacarés serviu como base para a elaboração da Instrução Normativa 28, de setembro deste ano, do ICMBIO, que normatiza a utilização sustentável das populações naturais de crocodilianos em Reservas Extrativistas, Floresta Nacional e Reserva de Desenvolvimento Sustentável.

No ano passado, toda a carne produzida pela Cooperativa, o correspondente a 1,5 tonelada, foi vendida para o Supermercado Araújo, em Porto Velho, que comercializou o filé da cauda, o filé do lombo, coxa, sobrecoxa, iscas, ponta de costela e o lombo do jacaré. Segundo informações do comprador do supermercado, Anderson Souza, 100% do produto foi vendido em 2011, sucesso que ele espera repetir este ano.

"Vamos receber os produtos aqui no supermercado neste fim de semana. Temos a preocupação de trazer novidades para os clientes e esta carne de jacaré, que pode ser frita, empanada ou assada, além de ser saborosa, é resultado de um trabalho sustentável", declara.

O couro, que no ano passado foi vendido para um curtume de Betim, em Minas Gerais, este ano ainda não tem comprador definido. Toda a carne produzida passa por uma inspeção sanitária da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Semagric). A licença para o transporte da carne e do couro é concedida pelo Ibama.



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UC:Reserva Extrativista

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