Micos-leões-dourados a um passo do paraíso

O Globo, Rio, p. 27 - 09/07/2006
Micos-leões-dourados a um passo do paraíso
Pesquisa revela que espécie está prestes a escapar da extinção graças à preservação ambiental no interior do estado

Prestes a ser concluído, o censo da população de micos-leões-dourados nas florestas fluminenses vai confirmar uma boa notícia. Nasceram ou foram localizados mais 400 primatas depois que, em 2001, comemorou-se o nascimento do milésimo mico-leão-dourado. O aumento expressivo é atribuído à conscientização da importância de se preservar as florestas, aos trabalhos de pesquisa e à abertura de novas áreas de preservação ambiental, como o Parque Municipal de Atalaia, na região serrana de Macaé, que será inaugurado no dia 22.

Para concluir o censo, a Associação do Mico-Leão-Dourado precisa vasculhar as encostas de Rio Bonito, Silva Jardim e Casimiro de Abreu, na Serra do Mar. O trabalho pode ser feito em três meses, mas o censo está parado desde novembro porque o Ministério do Meio Ambiente não liberou a verba de R$ 160 mil, para conclusão da pesquisa de campo. Há quem arrisque que o número de micos-leões pode chegar a 1.600. Para que a espécie saia da lista de animais sob ameaça de extinção, a população deste tipo de primata que vive nas florestas do Rio tem que chegar a 2 mil.

- A notícia agradável é que o censo descobriu micos-leões em locais onde eles eram dados como extintos, como em Araruama e na Lagoa de Jacarepiá, em Saquarema. A má notícia é o atropelamento de animais por caminhões no Parque Municipal do Mico-Leão, em Cabo Frio - disse a diretora-executiva da Associação Mico-Leão-Dourado, Denise Rambaldi, acrescentando que também foi constatado aumento da população de micos na Serra das Emerências, em Búzios, e descobertos animais em São Pedro da Aldeia.

Os micos-leões são protegidos pelo Ibama nas reservas biológicas (rebios) de Poço das Antas e União. Mas nos últimos anos eles se espalharam por fazendas fora dos limites das rebios. Com 26 propriedades preservadas, Silva Jardim, por exemplo, é o município brasileiro com maior número de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que contam com apoio do Ibama e incentivos tributários.

O crescimento da população de micos-leões é proporcional ao aumento da preocupação do Ibama com a caça ilegal do animal para exportação. Com apoio do Batalhão Florestal da PM e agora da Polícia Federal, o Ibama intensificou a fiscalização nas reservas biológicas e nas matas vizinhas. Somente neste ano foram apreendidas 25 armas de fogo e presos três caçadores nas duas reservas.

Segundo o chefe da Reserva de Poço das Antas, Rodrigo Varella, os caçadores, além de capturar animais vivos para exportação, abatem outros animais silvestres, como capivaras, tatus, pacas e jacarés para vender a carne a restaurantes da Região dos Lagos.

O mico-leão-dourado entrou na lista vermelha de animais criticamente ameaçados de extinção em 1966. Em 1983, começou o trabalho de pesquisa e educação ambiental para preservação da espécie. Em 2003, houve uma reclassificação e ele passou para a categoria de animal ameaçado de extinção. A expectativa é de que ele se livre da ameaça de desaparecer do planeta em 2025.

Diante das ameaças ao anima, o Ibama colocou o telefone 22-2778-1540 para quem puder denunciar caçadores ou colaborar com programas de proteção ao mico-leão-dourado.

O Globo, 09/07/2006, Rio, p. 27
Biodiversidade:Fauna

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