Micróbios "humanos" afetam Abrolhos

FSP, Ciência, p. 8 - 18/09/2010
Micróbios "humanos" afetam Abrolhos
Análise de DNA indica predomínio de bactérias associadas a contaminação por fezes em corais do arquipélago
Micro-organismos têm ligação com doença do branqueamento das colônias dos recifes, que já causa perdas maciças

Sabine Righetti
Enviada ao Guarujá (SP)

Os recifes de coral do arquipélago dos Abrolhos, que vai do norte do Espírito Santo ao sul da Bahia, estão contaminados por bactérias que podem ter relação com a atividade humana.
A análise é do oceanógrafo Fabiano Thompson, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que apresentou os dados durante o 56 Congresso Brasileiro de Genética, no Guarujá (litoral de SP).
De acordo com Thompson, os recifes de Abrolhos tiveram uma perda maciça do coral Mussismilia braziliensis, o principal coral construtor dos recifes dessa região da costa do Brasil. "Em cem anos essa espécie estará extinta lá", diz o oceanógrafo.

BATELADA
Os pesquisadores coletaram material da região e fizeram um metagenoma (uma espécie de análise coletiva de DNA, buscando genes de vários organismos) da água, dos recifes e das buracas, áreas com 50 m de diâmetro, que ficam a cerca de 80 m de profundidade.
As buracas são típicas de Abrolhos e reúnem grande quantidade de nutrientes e, portanto, muitos peixes.
Na análise, os cientistas notaram que há um aumento de algas nos recifes, o que leva a um crescimento de bactérias causadoras de doenças que têm reprodução rápida.
O resultado, para Thompson, é preocupante, já que a região concentra recifes importantes, de cerca de 10 mil anos, e uma rica vida marinha, que vai de pequenos peixes a baleias.

BRANCO PÁLIDO
Os pesquisadores notaram ainda a presença de corais considerados "doentes" nos recifes. É fácil notá-los, pois ficam esbranquiçados, com aspecto bem diferente do dos corais sadios.
Até recentemente, os biólogos marinhos achavam que o branqueamento era uma resposta fisiológica dos corais ao aquecimento da água. Mas, em 1995, cientistas mostraram que o Vibrio coralliilyticus é uma bactéria que causa a cor esbranquiçada por necrosamento (morte dos tecidos dos corais).
Nos corais esbranquiçados de Abrolhos há um predomínio de Bacterioidetes - bactérias comuns em humanos. "O aumento delas nos leva a crer que existe contaminação orgânica e contaminação fecal", diz.
"Isso significa impacto humano. Estamos tentando provar essa hipótese", completa ele. Uma das atividades humanas proibidas na região é a pesca. De acordo com o oceanógrafo, há pouco controle sobre os impactos negativos no ambiente da área.
Para Thompson, esse é o primeiro resultado significativo que ajuda a dar um panorama da saúde de Abrolhos. "Agora queremos entender melhor as bactérias encontradas", explica.
Além de Abrolhos, os pesquisadores também estão analisando a biodiversidade marinha em outras ilhas: os arquipélagos de São Pedro e São Paulo, a cerca de 900 km do Rio Grande do Norte, e Trindade e Martim Vaz, a 1.200 km de Vitória.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1809201001.htm


Biólogos avaliam pontos fracos no DNA de parasitas

Enviada ao Guarujá

Biólogos brasileiros estão buscando no DNA o calcanhar-de-aquiles de parasitas como o Trypanosoma, causador do mal de Chagas, e o Leishmania, responsável pela leishmaniose.
A ideia é achar formas de impedir que os micróbios consertem seus genes danificados, matando-os.
Carlos Renato Machado, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) estuda como os raios gama -que quebram DNA, desorganizam células e atrapalham a recombinação de proteínas -afeta o Trypanosoma.
A recombinação de proteínas é vital nesse parasita. Isso porque o Trypanosoma se protege do sistema de defesa do organismo com uma espécie de "capa" de proteínas.
Quando essa proteção é flagrada, o parasita produz uma nova proteína na sua capa. "É preciso entender essa recombinação de proteína", afirma Machado.
O estudo dos efeitos da radiação nesses parasitas, no entanto, não significa que o tratamento possa vir de radioterapia. Isso já foi tentado, sem sucesso, nos EUA.
"Esses parasitas são muito mais resistentes que os seres humanos à radiação. O importante, aqui, é ver como o DNA pode ser lesionado e como se dá a reconstrução", explica Machado. (SR)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1809201002.htm

FSP, 18/09/2010, Ciência, p. 8
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