Nova ferramenta revela efeito do corte ilegal de madeira

FSP, Brasil, p. A26 - 23/08/2008
Nova ferramenta revela efeito do corte ilegal de madeira
Detex, que aponta o estado de degradação das florestas em pé na Amazônia, complementará os sistemas Prodes e Deter
Pesquisador do Inpe, Dalton Valeriano, afirma que deve ser divulgado no fim do ano diagnóstico completo da degradação de área pública

Afra Balazina
Da reportagem local

Uma nova ferramenta do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para verificar a degradação das florestas remanescentes na Amazônia causada por corte seletivo de madeira aponta a derrubada ilegal de árvores nessas áreas.
O novo instrumento vai complementar os dois sistemas governamentais de monitoramento -o Prodes, que mede a área desmatada, e o Deter, que vê desmate em tempo real.
Até agora, o trabalho foi feito em duas áreas-piloto -uma na região da BR-163 e outra, na da BR-319. Os primeiros diagnósticos já trouxeram "surpresas desagradáveis", segundo Gilberto Câmara, diretor do Inpe.
De acordo com Tasso Azevedo, diretor-geral do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), já se imaginava que havia exploração ilegal de madeira nas florestas públicas.
Porém, o que mais chamou a atenção até agora com o uso desse novo sistema, chamado de Detex (Detecção de Exploração Seletiva), foi a situação da Floresta Nacional de Altamira.
"Há indícios de exploração ilegal em cerca de 10% da área, o que não era visto pelo Deter", afirma. Além das áreas que sofreram exploração florestal, o Detex verifica também áreas que sofreram queimadas.
"Quando o corte seletivo é bastante intenso, essas áreas ficam mais sensíveis ao fogo", diz Dalton Valeriano, pesquisador do Inpe. De acordo com ele, no final do ano deve ser divulgado o diagnóstico completo da degradação por corte seletivo nas florestas públicas.
Segundo Valeriano, o novo monitoramento começou por uma demanda do SFB. Mas o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) também se interessou pelo trabalho, que deverá ser estendido para as áreas particulares da Amazônia. O Inpe já adianta que não será possível concluir o estudo "extra" junto com o diagnóstico das florestas públicas.
Para Valeriano, podem ser feitos convênios com instituições estaduais que queiram receber os dados, "para que os órgãos que autorizam o corte seletivo saibam se está ocorrendo corte legal ou ilegal".
O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) apóia a iniciativa. Foi feita uma troca de experiências no início do projeto, já que a ONG também faz esse tipo de monitoramento.
Segundo o pesquisador Carlos Souza Jr., o sistema permite monitorar o corte em escala mais detalhada. "É possível verificar se os planos de manejo, principalmente nas áreas de concessão, estão sendo obedecidos; se há exploração não autorizada, por exemplo. É uma ferramenta de controle que o governo tem que ter", afirmou.

Corte raso
Outro projeto em início no Inpe, em conjunto com a Embrapa, vai verificar o estado das áreas já desmatadas e identificadas como corte raso pelos sistemas de monitoramento desde 1998. A intenção é descobrir o que aconteceu com esses pontos. "Em vez de falar apenas que está desmatado, vamos mostrar o que existe hoje na área", diz Valeriano.


Inpe elabora projeto de zoneamento

Com o novo projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) será possível identificar, além das áreas de floresta intocada e desmatada, aquelas onde a mata se recuperou depois de sofrer o corte. A intenção é pôr em prática uma política de incentivo à ocupação de áreas em que já houve intervenção humana -como alternativa ao desmatamento de floresta virgem, cujo prejuízo ambiental é considerado maior. O zoneamento ainda se restringe ao Brasil.

FSP, 23/08/2008, Brasil, p. A26
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