Nova reserva é prejudicial para Roraima

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR - 21/02/2005
A criação, pelo Governo Federal, de mais uma área de preservação ambiental em Roraima anunciada na sexta-feira, 18, - a Floresta Nacional do Anauá, em Rorainópolis, - foi recebida pela classe política local como sendo mais um fator a dificultar o desenvolvimento econômico local. Os parlamentares roraimenses entendem que a nova reserva reduz a extensão de terras possível de ser trabalhada na agricultura no sul do Estado.
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) disse ontem em entrevista ao programa Agenda da Semana, da RádioFolha, que a criação da reserva atende aos interesses da Organização Não-Governamenal Associação Amazônia. A ONG atua no sul do Estado e é liderada por um italiano, um argentino e um boliviano. Para o parlamentar, a criação de novas reservas indígenas e de preservação ambiental só será barrada por via judicial.
Mozarildo observou que essas pessoas andaram pela região que hoje compreende a Floresta Nacional do Anauá, adquirindo as benfeitorias realizadas pelos moradores da área com a pretensão de que quando fosse criada a reserva elas já estivessem estabelecidas no local.
"Eles [os integrantes da Associação Amazônia] alegam abertamente que querem fazer um trabalho de preservação da Amazônia", disse o parlamentar, salientado que na região é praticada a biopirataria e o turismo ecológico de forma ilegal. Conforme o senador, são turistas italianos que vão a Manaus e acabam estendendo a viagem até Roraima sem que as autoridades locais sequer tomem conhecimento.
Para o deputado Chico Rodrigues, "a criação da Floresta Nacional do Anauá é outro golpe dado contra o crescimento de Roraima, a soberania nacional e contra o povo brasileiro".
Rodrigues disse que Roraima tem uma posição geográfica e geopolítica invejável em relação aos outros estados amazônicos devido à sua proximidade com países limítrofes, como a Venezuela, a Guiana e a Colômbia e ainda o Caribe. Por isso tanto interesse pelo Estado.
O parlamentar assinalou ainda o fato do Estado ser uma saída estratégica para a Europa e a América do Norte. "Essas vantagens, no meu entender, estão sendo inibidas pela cobiça cada vez mais forte dos países desenvolvidos sobre a abundância de riquezas naturais existentes nos 230 mil quilômetros quadrados do território roraimense", observou.
O deputado Mecias de Jesus (PL), presidente da Assembléia Legislativa, analisa a criação da nova reserva como sendo fruto do compromisso que o Governo Lula tem com os organismos internacionais. "Nosso Estado está sendo entregue aos poucos", afirma, acrescentando que cada vez mais Roraima está com o seu desenvolvimento econômico comprometido.
Mecias diz que a Assembléia Legislativa só resta gritar, mas registra que a bancada federal de Roraima pode fazer muito pelo Estado se não tiver medo de enfrentar o Governo Federal. "É preciso reagir a esse entreguismo", prega. (L.V) (
(-Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR-21/02/05)
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