Operação Vendaval resulta na apreensão de caça e pesca ilegal

D24am - http://www.d24am.com - 01/10/2012
No primeiro dia do Defeso das espécies de pescado em período de reprodução no Amazonas, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) divulga o relatório de fiscalização da Operação Vendaval realizada, entre os dias 14 e 28 de setembro, no interior e entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no médio Solimões, na qual foram apreendidas mais de 2 toneladas de pirarucus, desobedecendo a proibição de pesca desta espécie durante todo o ano.

Denominada Operação Vendaval por causa de fortes ventos que por três vezes quase viraram o barco usado no deslocamento pelos rios e lagos, a equipe partiu de Manaus no dia 14 de setembro em direção à base flutuante da Reserva Mamirauá no município de Uarini, seguindo depois pelo Rio Juruá até Maraã, depois pelo Rio Aranapu até o Rio Solimões.

"Toda embarcação que encontrávamos era abordada, até motor rabeta", comentou o técnico da gerência de controle de pesca do Ipaam, Renato Carlos, que divulgou o relatório da Operação, ao lado do fiscal Clemerson de Sales.

A Operação foi realizada por meio de parceria multinstitucional, formada por 16 membros, sendo dois fiscais do Ipaam, três policiais militares de Tefé, um representante do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc) de Tefé, quatro representantes do Instituto Mamirauá, três tripulantes, um cozinheiro e mais dois agentes ambientais voluntários da RDS.

Um saldo de mais de três toneladas de pescado foram apreendidos entre barcos, canoas e escondido no interior das matas. Desse total, 2.438 quilos de mantas de pirarucu seco, 460 quilos de mantas de pirarucu fresco, 51 quilos de pirarucus inteiros e 385 quilos de tambaqui.

Ainda foram encontrados mortos 6 patos silvestres, um marreco, duas pacas, uma capivara com 30 quilos de carne, um mutum e mais 30 quelônios (iaças e tracajás) vivos, 262 ovos de quelônios e 625 quilos de sal para salga do pescado.

A equipe constatou que a principal motivação para a caça e pesca clandestinas é o mercado comprador crescente. Segundo os integrantes, barcos de vários municípios entram na RDS sem autorização para retirar os recursos pesqueiros e exemplares da fauna com forte apelo comercial como os quelônios.

Renato Carlos disse que encontrou um peixe-boi filhote, de um metro e meio, já morto, com as marcas do arpão na cabeça. "Era o que eu não queria ter encontrado. Um bicho inofensivo, em extinção, morto para ser usado como isca na pesca da piracatinga. Morreu com finalidade comercial".

Os fiscais contam que o pirarucu, espécie proibida de pesca durante todo ano, permitida a comercialização apenas quando oriundo de planos de manejo ou criados em cativeiro, está sendo vendido nas feiras livres e mercados desses municípios. O pescado é encontrado até dentro das matas onde estão sendo beneficiados (salgados) e também disfarçados em isopores, no fundo das caixas, embaixo de camadas de gelo cobertas por tipos de peixe pescados legalmente. "Uma coisa é para se alimentar, para a própria sobrevivência, e outra coisa é para a comercialização ilegal. Ainda dizem que não sabiam que era proibido", desabafou um dos fiscais do Ipaam.

O pescado, a caça e os ovos de tartaruga apreendidos foram doados a comunidades indígenas e agrícolas, como a Cáritas Arquidiocesana de Tefé e à Loja Maçônica do município. Os quelônios vivos foram devolvidos às águas.

A Operação Vendaval registra nove autos de infração no valor de R$ 210 mil, duas notificações, 26 termos de apreensão, 17 termos de doações/destruição. "É uma coisa muito séria. Uma sede dos compradores dos principais centros urbanos".

Os apetrechos e redes utilizadas na pesca e caça ilegal também foram apreendidos.

Frigoríficos notificados

As duas notificações foram aplicadas a dois dos três frigoríficos visitados pelos fiscais do Ipaam. Os dois frigoríficos não possuíam licença ambiental e a notificação convoca-os a se regularizarem.

Defeso

O primeiro dia de outubro, todos os anos, marca o início do Defeso na bacia hidrográfica do rio Amazonas, período em que é proibida a pesca, o transporte, a armazenagem, o beneficiamento e a comercialização do tambaqui, exceto os casos em que sejam oriundos de pisciculturas devidamente licenciadas, registradas e estejam acompanhados de comprovantes de origem.

Também estão fora do Defeso e com as demais etapas da cadeia produtiva permitidas, os tambaquis provenientes de manejo de lagos autorizados pelo Ibama, acompanhados pelo certificado de comprovação de origem.

O Defeso do Tambaqui vai até 31 de março, lembrando que o pirarucu tem a pesca proibida durante todo o ano, só sendo permitida a sua comercialização nos mesmos casos do Tambaqui - piscicultura e planos de manejo.

O Defeso é o período que assegura a reprodução da espécie para que não se esgote o recurso pesqueiro.



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UC:Reserva Extrativista

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