Ovos da esperança na Chapada dos Veadeiros

O Eco - www.oeco.com.br - 09/09/2008
Um ninho de pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), animal ameaçado de extinção, foi encontrado pela primeira vez no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (GO) há cerca de um mês. A descoberta animou os pesquisadores que estudam a espécie na região. Estima-se que a população mundial dessa ave seja de menos de 250 indivíduos espalhados pelas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, principalmente na Serra da Canastra (MG), onde as pesquisas com o pato-mergulhão estão mais avançadas.

Funcionários do parque perceberam a movimentação característica de uma fêmea com ninho na fenda de um dos cânions do parque. Os pesquisadores do projeto pato-mergulhão, uma parceira entre Funatura, Fundação O Boticário e Instituto Chico Mendes (ICMBio), foram chamados para confirmar a descoberta e passaram a monitorar os passos da mãe e vigiar os ovos. A fêmea, no entanto, abandonou o ninho três dias depois. Segundo a ornitóloga e pesquisadora do projeto com o pato-mergulhão da Funatura, Vivian Brás, a causa mais provável da atitude do animal foi a presença de pessoas na área, já que o ninho estava num local de intensa atividade turística. "A administração do parque chegou a fechar o local para visitação, mas a fêmea já havia desistido do ninho", conta.

Experiência em cativeiro

Na tentativa de salvar os embriões dos dois ovos encontrados, os pesquisadores decidiram pela incubação em cativeiro, algo nunca feito com o pato-mergulhão. Os ovos foram levados para Brasília, onde ficaram num criatório de pássaros particular autorizado pelo Ibama. Mas nesta semana, quando os pesquisadores esperavam a eclosão dos ovos, constataram que os embriões estavam mortos. Segundo a bióloga Yara de Melo Barros, do Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres do ICMBio (Cemave), havia poucas chances de a tentativa dar certo por conta do ineditismo da iniciativa. Ela ressalta que por causa da falta de informação sobre os hábitos do pato-mergulhão, como o tempo exato de incubação dos ovos, é difícil apontar o motivo exato da morte dos ovos, que pode ter acontecido tanto no transporte e tempo na chocadeira artificial, como ainda no ninho.

Caso os ovos tivessem eclodido, os filhotes seriam os primeiros indivíduos em cativeiro da espécie e teriam experimentado um projeto que tem previsão de início para maio de 2009: a reprodução e manejo da espécie em cativeiro de maneira sistemática. Os pesquisadores pretendem manter um número de indivíduos que assegure a sobrevivência da espécie. Os responsáveis asseguram que a população que vive no habitat natural não será prejudicada pela ação. "Sabemos que o ambiente de cativeiro não é o ideal, mas decidimos tomar essa atitude e diminuir os riscos de extinção. Tomaremos todos os cuidados necessários para evitar a diminuição da população, retirando os ovos de ninhos em que a fêmea terá condições de repô-lo, por exemplo", explica Yara de Melo Barros.
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