O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou nesta semana o fechamento da portaria I do Parque Nacional da Serra da Canastra, em São Roque de Minas. Segundo o instituto, a medida foi tomada por segurança, já que há riscos de acidentes na estrada que dá acesso a portaria. Não há previsão de reabertura. Com o período chuvoso aumentaram os riscos de desmoronamentos no local. Contudo, a Associação de Turismo da Serra da Canastra (Atusca), garante que há opções de turismo no entorno do parque.
O Parque Nacional da Serra da Canastra é um dos destinos mais procurados por turistas, principalmente em dias de feriado como o carnaval. Foliões de todo o estado aproveitam a tranquilidade do local para acampamento e outras atividades. Com o fechamento da portaria I, os turistas não conseguirão ter acesso a nascente do Rio São Francisco, a diretoria manterá o acesso apenas pelas portarias II, III, e IV.
Obras
A situação da estrada que da acesso a unidade é precária, mas o problema não é recente. Há mais de um ano a obra de pavimentação, que está parada, tem causado transtornos e prejuízos. Uma empresa assumiu as obras de pavimentação da estrada que não foi concluída. Segundo informações da direção do parque, a empresa responsável pelos serviços chegou a ser multada por parar os trabalhos e não fazer nenhuma obra para evitar problemas no período chuvoso.
As condições da estrada prejudicam também a fiscalização do parque, já que nem os funcionários do local conseguem ter acesso a portaria. "A situação prejudica imensamente porque temos que fazer o serviço de manutenção da unidade, monitoramento, fiscalização e nessas condições não temos carro para subir. Sem contar que quase toda vez que vamos subir quebramos um carro e são veículos 4x4, que supostamente são capacitados para fazer esse tipo de percurso. O trabalho de monitoramento e prevenção de incêndios de fato ficam prejudicados. Além do mais temos um alto gasto de manutenção de veículos. O que ocorre agora é que a gente só vai até o parque quando é extremamente necessário. Todo esse transtorno em razão da péssima condição da estrada", disse o diretor substituto do parque, Vicente Faria.
Mesmo com a interdição, o turismo na região no período do carnaval não será comprometido, segundo a diretora da Atusca, Daniela Labonia. "Há outras alternativas certamente. Os guias e condutores turísticos levam as pessoas para conhecerem cachoeiras, por sinal lindíssimas, que ficam no entorno do parque. Essas cachoeiras ficam em áreas particulares e por isso há uma taxa de visitação que varia de R$ 5 a R$10", contou.
Opções de lazer
A cachoeira Antônio Ricardo é uma das mais procuradas para caminhadas coletivas. O local fica a 18 quilômetros de São Roque de Minas no povoado de Leites. Segundo Daniela, o acesso é por meio de trilhas. Águas cristalinas e muito verde, o espaço é ideal para quem deseja descansar. "A cachoeira é muito linda e tem uma queda de 120 metros de altura. As pessoas nadam em um poço cristalino que se forma embaixo", contou Daniela, que completou dizendo que para entrar é preciso contribuir com uma taxa de preservação da trilha no valor de R$ 5.
Ainda segundo Daniela, há outras opções como a cachoeira da Lavrinha, que fica aos pés do Chapadão da Canastra. "A caminhada para se chegar a essa cachoeira é exuberante. Sem contar a vista para o chapadão durante todo o percurso. Nessa cachoeira a entrada é gratuita. A queda é de 60 metros e a piscina natural é um convite para um bom mergulho", disse Labonia.
A terceira opção é a cachoeira do Taboão, que fica no alto da Serra da Babilônia e pode ser explorada acompanhando as margens do rio que formam uma sequência de quedas e lagoas. "O local é ideal para fotógrafos que querem fazer belíssimas fotos de uma paisagem maravilhosa. O turista consegue chegar até uma das nascentes dessa cachoeira que forma uma piscina de água azul celeste.
A cachoeira fica em um local isolado e também não é preciso pagar taxa de visitação. Em um dos lagos é possível mergulhar debaixo de pedras que levam o turista a outras piscinas naturais e grutas. Para isso a Atusca oferece serviço de guias e condutores que orientam os banhistas em todos os roteiros.
Toda a visitação pode ser feita em apenas um dia. Mas o ideal é que os turistas permaneçam na Serra da Canastra de três a dez dias. "São mais de 30 atrações na região e por isso, um dia não é suficiente para os amantes da natureza. A Canastra está apta a receber turistas de todas os perfis, desde famílias com crianças, casais que buscam se isolar nas cachoeiras selvagens", disse Labonia.
Um casal de Mariana, região Central de Belo Horizonte, está na Serra da Canastra pela segunda vez. "As cachoeiras são exuberantes. A paisagem e o contraste das cachoeiras com o verde são o charme do lugar. Nossa intenção é fugir da bagunça do carnaval e aproveitar a beleza do local", disse o engenheiro Vinícius Silva que ficará cinco dias na serra.
Queijo canastra
O feriado também pode ser aproveitado para visitas a fazendas que produzem o tradicional queijo canastra. Elas ficam espalhadas pelos caminhos que levam às cachoeiras. "Dependendo do horário que o turista passar pela fazenda, será possível acompanhar o processo de fabricação artesanal do queijo, como a retirada do leite e a colocação do "pingo", que é o segredo cultural da produção do queijo canastra", contou a diretora da Atusca.
A engenheira Caroline Belizário disse que se encantou com a forma como foi recebida pelos guias, que são os donos da propriedade onde fica uma das cachoeiras. "Chegamos na entrada da trilha da cachoeira e os próprios guias ofereceram um café para o grupo. Tinha um biscoito de polvilho, um doce de mamão e um cafezinho coado na hora. Certamente é muito encantador esse jeitinho mineiro", finalizou Caroline.
http://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2015/02/parque-na-serra-da-canastra-fecha-portaria-i-por-tempo-indeterminado.html
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