Apesar de serem as duas das quatro entradas com menor fluxo de visitantes, a medida leva à perda de 14% na arrecadação do parque, que gira em torno de R$ 30 mil em meses que não são de férias escolares
Se não bastasse sofrer constantemente com grandes incêndios, o Parque Nacional da Serra do Canastra vem perdendo cerca de 14% de sua arrecadação, já que a entrada não está sendo cobrada em duas de suas quatro portarias por conta do déficit de funcionários. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o problema surgiu após um servidor se aposentar e outros três terceirizados serem dispensados devido ao ajuste nas contas da União.
Nas portarias da unidade de conservação são cobrados R$ 19 para estrangeiros e R$ 10 de visitantes brasileiros. A portaria III, que tem o nome de Sacramento, deixou de cobrar o valor já há cerca de quatro meses, enquanto a portaria II, a São João Batista, deixou de contar com um controlador de acesso desde o dia 12 de setembro.
Ainda segundo o instituto, a diretoria do parque fez um levantamento que indicava que estas duas portarias eram as que tinham um menor fluxo de visitantes, representando apenas 14% do total. Elas dão acesso à parte mais alta do Chapadão do Canastra. Já as entradas I (São Roque de Minas) e II (Cachoeira Casca D'Anta), por contarem com atrações mais procuradas pelo público, representam 86% das entradas de turistas que procuram o Parque Nacional.
Segundo a assessoria do ICMbio, a dispensa dos servidores terceirizados foi decorrente da necessidade de reajustar os gastos da unidade diante da atual conjuntura da crise. O órgão explicou ainda que, apesar da cobrança não acontecer nestas duas entradas, o serviço de vigilância continua normalmente em todas as entradas, fiscalizando quem entra e sai do parque.
Atualmente o Parque da Serra do Canastra, que tem uma área de aproximadamente 200 mil hectares, conta com 11 servidores efetivos, dois estagiários e 26 terceirizados, sendo 14 deles os vigilantes que fazem a segurança da unidade.
De acordo com um funcionário que não quis ser identificado, o quadro de funcionários está bem abaixo do necessário. "Está bem ineficiente o quadro que temos para a quantidade de serviço. Se pelo menos os aposentados fossem repostos. Mas com a contratação uns dez funcionários já daria para atender melhor a população. Além das portarias, o Centro de Visitantes também está fechado", lamentou.
Arrecadação
Os valores arrecadados com as entradas, são depositados na conta da União e distribuídos de acordo com a demanda entre todas as unidade de conservação nacionais. Ainda segundo o ICMbio, alguns parques, como o de Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR), e o da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), contam com uma arrecadação muito maior, ajudando também na manutenção das outras unidades.
No caso do Parque Nacional da Serra do Canastra, os valores arrecadados com as entradas costumam variar bastante, aumentando consideravelmente nos meses de férias. Para se ter ideia, em setembro, quando na maior parte do período as duas portarias já deixavam de cobrar, estiveram na unidade 3.029 pagantes, sendo 347 deles estrangeiros, totalizando uma arrecadação de R$ 27.648. Em agosto, quando a portaria II ainda cobrava, foram 3.281 pagantes e uma arrecadação de R$ 29.439.
Em março, quando as quatro portarias ainda funcionavam normalmente, foram 3.498 pagantes, totalizando R$ 31.554 arrecadados. No mês de janeiro, nas férias e no verão, o número de pagantes foi de 5.530, levantando um total de R$ 50 mil.
Solução ainda sem previsão
Questionada se existe algum prazo para que os servidores necessários sejam repostos e as portarias voltem a funcionar, o ICMbio afirmou que ainda não é possível prever quando os funcionários serão realocados, uma vez que depende da verba orçamentária para o setor.
Entretanto, a diretoria do Parque Nacional da Serra do Canastra vem estudando uma parceria com prefeituras da região e com o governo estadual para a cessão de servidores para o parque.
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