Parque maior reduz area agricola na BA

FSP, Agrofolha, p.B10 - 22/06/2004
AMBIENTE
Estado pode perder 120 mil hectares de terras cultiváveis com ampliação do Grande Sertão Veredas; governo é contra
Parque maior reduz área agrícola na BA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
A Bahia corre o risco de perder 120 mil hectares de sua fronteira agrícola na região oeste do Estado para possibilitar a ampliação do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, cujo decreto já foi assinado pelo governo federal.
A decisão de aumentar a área de preservação ambiental do parque provocou críticas do governo baiano e dos investidores da região, que ameaçam recorrer à Justiça para barrar o projeto.
"A definição da área do parque acarretou uma verdadeira excrescência, que foi a separação de uma parte do extremo sudoeste do restante do Estado", disse o governador Paulo Souto. De acordo com o projeto do governo federal, o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, que conta com 84 mil hectares em Minas Gerais, vai ganhar mais 150 mil hectares -120 mil na Bahia. O traçado do parque, apresentado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), revela que a nova área vai englobar principalmente propriedades localizadas em Cocos, Coribe e Jaborandi, cidades a mais de 1.000 km de Salvador. "Com a ampliação do parque, o governo federal vai matar todos os investimentos que estão sendo realizados na região", disse o professor universitário Eduardo Palmério, proprietário de 13 mil hectares em Cocos. Em sua fazenda, Palmério e três arrendatários têm 4,5 milhões de pés de café. Palmério disse que os fazendeiros da região vão ingressar com uma ação na Justiça para tentar impedir a expansão do parque. "O governo está olhando apenas a questão ambiental. Nós queremos também que o governo dê atenção especial às questões sociais e econômicas, pois o Brasil é um país em desenvolvimento e precisa gerar emprego e renda." O secretário da Agricultura da Bahia, Pedro Barbosa de Deus, disse que "a área que será desapropriada para preservação integral é uma das mais promissoras em desenvolvimento agrícola da atualidade. São terras com excelentes condições de solo, de clima e de topografia, com atividade produtiva em franca expansão". No oeste da Bahia, as cidades de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério concentram a produção agrícola; Cocos, ao sul das três, é a nova área de expansão dessa fronteira agrícola. Sócio de uma empresa que tem 21 mil hectares em Cocos, Walter Martinho diz que os fazendeiros não foram consultados pelo Ibama. "O que o órgão fez foi dar um prazo de apenas 15 dias para receber sugestões e comentários pela internet, uma mídia que tem pouca ou quase nenhuma penetração no meio rural." Ibama diz que fez estudo O coordenador da unidade de conservação do Ibama, Ivan Baptiston, disse que o interesse do governo é proteger a nação. "É claro que vamos descontentar algumas pessoas, mas não temos outra alternativa. O parque será ampliado para proteger muitas nascentes, o ambiente e a sociedade." Baptiston disse que as críticas do governo baiano e de alguns fazendeiros são exageradas. "Nós realizamos um estudo minucioso. Dizer que a ampliação do parque vai matar uma região agrícola é um grande exagero."



FSP, 22/06/2004, p.
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