Parque Nacional do Itatiaia é tema de série especial da TV Rio Sul - parte 4

G1 - http://g1.globo.com/ - 26/02/2015
Melhor do que dormir na parte alta do Parque Nacional é acordar na parte alta do Parque Nacional. Mais um dia nasce no planalto do Itatiaia. Estamos a 2.400 metros de altitude, onde rochas e montanhas são ainda mais encantadoras. A natureza brinca de ser perfeita. Formações fascinantes moldadas com cuidado e paciência pelo tempo. Bem antigamente, o que vemos hoje era uma imensa massa cristalina embaixo da crosta terrestre, confinada a quilômetros de profundidade. Só depois de um gigantesco e longo processo de erosão, aliado a um lento resfriamento, tudo isso veio à tona. Há 70 milhões de anos.

"Então isso fez com que toda a estrutura, sedimento que estava em cima dessa massa cristalina, foi se erodindo durante muito tempo e depois fez com que essa massa aparecesse", explicou o geólogo Rodrigo Giovanetti. O resultado: rara fartura de nefelina sienito. O maciço do Itatiaia é o segundo maior complexo de rochas desse tipo do planeta. Só perde para um Conjunto de Montanhas de Kola, na Escandinávia.

É nesse paraíso que vive o simpático sapo flamenguinho. Não adianta procurar em outro lugar. No Brasil, ele só existe aqui. Por isso, é o símbolo do Parque Nacional. Um bichinho de parar o trânsito. Entre novembro e maio, carros não podem passar pela estrada que leva ao abrigo rebouças para que os sapinhos se reproduzam em paz. No acasalamento, macho e fêmea ficam pelo menos 24 horas abraçados.

Por causa dele, adicione três quilômetros de caminhada a qualquer trilha que você vá fazer na parte alta a partir do abrigo rebouças. E não reclame, porque aqui, cada passo vale a pena.

"Essa é a trilha mais recente aberta na parte alta no Parque Nacional do Itatiaia. Será mais uma opção para chegar, por exemplo, a Pedra do Altar, aos Ovos de Galinha e para fazer parte de uma travessia. Só que ela não está concluída ainda. Não foi aberta oficialmente para visita. e a gente percebe isso pelo caminho ao encontrar, em alguns pontos, ferramentas como uma enxada", explicou o repórter Diego Gavazzi. Logo encontramos os donos. Cinco funcionários do parque que passam o dia preparando trilhas nas montanhas. Isso é que é serviço pesado. "Como aqui é uma área úmida, e a terra aqui, ela desgasta muito rápido, então a gente faz calçamento de pedra para evitar a degradação da terra", explicou o encarregado de manutenção de trilhas, Tiago Fonseca Pena. "Na construção da trilha em si, a gente leva em consideração a segurança do visitante e os cuidados com a conservação do meio ambiente", complementou o Coordenador de Uso Público do parque, Leonardo Cândido.

Neste trabalho, pequenos sacrifícios ambientais são inevitáveis. "Para que as pessoas venham, conheçam, você tem que dar condições de acesso, que são as trilhas. Então, nas trilhas é onde a gente faz um sacrifício daquele ambiente. Você vai ter que roçar a vegetação ali, movimentar rocha, fazer uma pequena intervenção, uma ponte", disse Leonardo.

"Pedra do Altar. 2.665 metros de altitude. Terceiro ponto mais alto do parque. É o que precisa subir para desfrutar de uma vista maravilhosa", contou o repórter. De camarote, podemos observar formações como as Prateleiras, a Asa de Hermes e o grandioso Pico das Agulhas Negras. Com 2.791 metros, é o quinto ponto mais alto do Brasil. As "Agulhas Negras" são ranhuras talhadas pela ação da água da chuva, carregada de gás carbônico, por milhares de anos. Para chegar ao topo, é preciso técnica, equipamentos e muita disposição. "Exige muito esforçoo físico, então a pessoa tem que estar preparada. Não é um passeio comum", explicou Leonardo.

Nenhum passeio aqui é comum. No caminho para o Morro do Couto, conhecemos dois montanhistas do Espírito Santo. Mas eles não eram nossa única companhia. Rostos misteriosos nos encaravam o tempo todo. Pedras, pedras e mais pedras. Umas chamam a atenção pelo formato, outras, pelo tamanho.

Água não é problema. São pelo menos 54 nascentes que abastecem rios e córregos da região. Chove em 192 dias do ano. A 2.680 metros de altitude ficamos acima das nuvens. E às vezes, dentro delas...

"O tempo é muito imprevisível. E a gente não contava com uma chuva de granizo. Nós enfrentamos uma chuva de granizo forte aqui agora pouco. Tá muito frio. As mãos estão congelando, não vai dar para esperar mais. Acho também que o tempo não abre mais hoje. A gente vai ter que descer", disse Diego Gavazzi.

Azar? Depende do ponto de vista ... "Para quem é aventureiro, tem espírito realmente de desafio e gosta desse tipo de coisa, é um parque de diversão. Não tínhamos passado por isso ainda, de estar no topo de uma montanha, com chuva, muito frio e chuva de granizo", contou Stelzimar Serra.

"É uma experiência que vai ficar marcada para a gente, no nosso currículo de aventureiro", disse Giuliana Herculano.

Será um currículo de respeito. Aqui é sempre assim: quem visita, busca um pedacinho do céu. E acaba encontrando ele inteiro.



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Produção Cultural:Cinema, TV, Vídeo

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