Pesquisadores buscam em inscrições rupestres a origem dos povos do Pantanal

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 21/08/2009
Uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Arqueologia do Pantanal (LAPan), da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), acaba de realizar uma ampla e minuciosa documentação das inscrições rupestres no morro do Caracará, no Parque Nacional (Parna) do Pantanal Matogrossense, unidade de conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Os registros fazem parte dos estudos de arqueologia e etno-história que estão sendo desenvolvidos pelo professor José Luis dos Santos Peixoto e seus alunos para identificar os primeiros vestígios da ocupação humana no Pantanal.

Os resultados das análises do material documentado nos sítios arqueológicos deverão ser apresentados em julho de 2010 junto com o relatório do projeto "Arqueologia e etno-história da lagoa Gaíba", que também vem sendo executado pelos pesquisadores da UFMS. O projeto visa a identificar os diferentes tipos de assentamentos pré-coloniais da região da lagoa Gaíba, que fica no interior do Parna do Pantanal Matogrossense, e determinar sua relação com os grupos étnicos que ocuparam, entre o século XVI e XVIII, o oriente boliviano e o Pantanal.

Estudos de arqueologia indicam que os primeiros habitantes do Pantanal chegaram à planície pantaneira há cerca de 5.000 anos. Desde então, a ocupação da região prosseguiu, ao longo de todo esse tempo, nos locais mais elevados, denominados pelos arqueólogos de aterros, onde é possível encontrar material cerâmico, instrumentos líticos, ossos de animais e sepultamentos humanos.

O Parna do Pantanal Matogrossense detém o maior acervo de arte rupestre do País e um dos maiores do mundo. Os seus aterros são apresentados como um importante sítio para o conhecimento da história da ocupação do Pantanal. No morro do Carcará, encontram-se dezenas de gravuras e pinturas, a maioria delas de figuras geométricas e de animais.

EXPEDIÇÃO - As atividades de campo ocorreram entre 13 de junho e 2 de julho. Durante a expedição, foram identificados um sítio de arte rupestre denominado de Grafismos do Caracará, no lado leste do morro do Caracará; um sítio aterro a 50 metros da margem esquerda do rio Caracará, denominado de Aterro do Arame, na região conhecida como Araminho; e um sítio aterro no lado leste do morro do Caracará, próximo ao sítio de arte rupestre Grafismos do Caracará, registrado no Iphan com a sigla MT-PO-03. Todos eles ficam no Mato Grosso.

Além disso, foi feita visita técnica a um sítio de gravuras rupestres na face leste do morro do Campo, também no Mato Grosso. O sítio foi dividido em áreas com concentrações de grafismos, denominado de painéis, com suas respectivas localizações em coordenadas geográficas em que cada painel foi dividido em quadras de 1m². Os grafismos foram documentados com uso de máquina fotográfica digital e com uma película de polietileno e caneta permanente. Essas informações servirão para estabelecer estratégias de pesquisas futuras.

CARCARÁ - O sítio de arte rupestre Grafismos do Caracará apresenta vários desenhos distribuídos na face leste do morro do Caracará. Os pesquisadores dizem que é preciso complementar as atividades de campo para continuar a documentação e conferir os registros dos grafismos copiados durante a recente expedição. Esse sítio é importante tanto como patrimônio cultural brasileiro quanto para estabelecer as relações interétnicas entre os povos indígenas responsáveis pela arte rupestre presente no Pantanal.

O sítio Aterro do Arame e o sítio MT-PO-03 podem ser considerados como assentamentos de longa duração, que foram ocupados no período pré-colonial. O Aterro do Arame apresenta uma grande densidade de material cerâmico e faunístico, que possibilita estabelecer comparações com os aterros estabelecidos a jusante e a montante da região do Parna Pantanal.

Apesar de todo o trabalho, ainda é preciso fazer a identificação e coleta de material em outros sítios aterros do Parna para que se possa ter, com mais precisão, dados sobre a origem dos primeiros habitantes que ocuparam a região.
UC:Parque

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