PF flagra crime ambiental no Tingua

JB, Cidade, p.A15 - 14/05/2005
PF flagra crime ambiental no Tinguá
Sete pessoas foram autuadas por caça de pássaros na reserva onde o ambientalista Dionísio Júlio foi assassinado em fevereiro
Florença Mazza
A Polícia Federal autuou, na manhã de ontem, sete pessoas em flagrante por cometerem crimes ambientais na Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu, onde o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro, 61 anos, foi assassinado em 22 de fevereiro. Na operação, que reuniu 50 agentes do Rio e de Nova Iguaçu, 48 pássaros foram apreendidos e entregues ao Ibama. Os animais haviam sido caçados na reserva e estavam em gaiolas.
A operação começou por volta das 7h no entorno da Reserva do Tinguá. Os policiais federais foram cumprir 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Federal de São João de Meriti. De acordo com o delegado Marcelo Bertolucci, que comandou a operação, os mandados foram requeridos com base numa lista de suspeitos de crimes ambientais encontrada entre os documentos de Dionísio.
O ambientalista integrava a ONG Grupo de Defesa da Natureza (GDN) e vinha recebendo ameaças de morte há dez anos por investigar exploradores da reserva. Ecologistas denunciam a ação ilegal de caçadores de animais silvestres e colhedores de palmitos na região.
Entre as sete pessoas autuadas em flagrante está o presidente da Associação de Moradores do Tinguá, Amarílio Alves de Andrade, de 55 anos. Bertolucci informou que além de ter sido autuado no artigo 29 da Lei 9.605, de crimes ambientais, Amarílio também será punido por guarda ilegal de arma, de acordo com o artigo 12 do Estatuto do Desarmamento.
Pelo artigo 29 da Lei 9.605, a pena por caçar animais silvestres sem licença é de seis meses a um ano de detenção mais multa. Se for comprovado o exercício da caça profissional, a pena pode ser aumentada em até um tripo. Já o Estatuto do Desarmamento prevê detenção de um a três anos e multa a quem tiver arma de fogo, acessório ou munição em desacordo com determinação legal em casa.
Bertolucci explicou que as sete pessoas autuadas se comprometeram a se apresentar em juízo, no Juizado Especial Criminal.
- Vamos continuar investigando, sob sigilo, a extração do palmito e outros crimes ambientais na reserva - disse o delegado.
A Reserva Biológica do Tinguá foi criada em 1989 e tem 26 mil hectares. Dionísio Júlio foi morto com um tiro de escopeta na noite do dia 22 de fevereiro, quando voltava para casa depois de um encontro na Associação de Moradores de Tinguá. Menos de uma semana depois do crime, a polícia apresentou o caçador Leonardo de Carvalho Marques, 21 anos, como autor do assassinato. Na ocasião, ele confessou ter matado o ambientalista em represália às denúncias que resultaram em apreensões das armas dos caçadores mas voltou atrás em depoimento à 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. Ele disse que só confessou o crime porque foi torturado pela polícia.

JB, 14/05/2005, p. A15
UC:Reserva Biológica

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