Prática ilícita de caça a capivaras é coibida em Petrópolis, RJ

Globo - http://g1.globo.com/ - 08/05/2013
Um dos atrativos de Petrópolis, Região Serrana do Rio, são as capivaras que vivem nas beiras de alguns rios do município. Esse animais, no entanto, estão ameaçados com a prática ilícita da sua caça. Na noite desta terça-feira (7), por volta das 19h, a Reserva Biológica de Araras (Rebio-Araras) ligada ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) recebeu a denúncia sobre caçadores no Rio da Cidade, no trecho entre Araras e Bonsucesso, no distrito de Itaipava. A Polícia Militar (PM) foi acionada, mas ninguém foi preso.

A denúncia foi feita por moradores da localidade que detectaram a presença dos caçadores. A Rebio-Araras foi comunicada e logo acionou a PM, que foi ao local. De acordo com Ricardo Ganem, chefe da entidade ambiental, os caçadores foram rápidos e conseguiram fugir. Na ação, um cachorro usado para acuar as capivaras foi encontrado, possivelmente deixado pelos caçadores, que chegaram a efetuar disparo. O animal, uma cadela, estava debilitado e foi encaminhado a uma clínica veterinária.

Segundo Ricardo, estas ações de caçadores tem sido frequentes em Petrópolis, principalmente no trecho entre a localidade da Fazenda Inglesa, na altura do km 70,5 da BR-040, e km 63 da mesma rodovia, onde as capivaras constituem colônias que vivem nessa região. "Elas vivem em áreas de baixada, perto dos rios que são os lugares prediletos para elas viverem com suas famílias", explicou. Uma das dificuldade encontradas para coibir a ação é pelo fato dos caçadores agirem à noite. "A caça aqui é sempre frequente. Os horários e dias das ações dos caçadores são atípicos. Aqui, a Rebio-Araras é o único órgão ambiental que realiza essa ação de repressão. O ciclo vital das capivaras é à noite, que é quando os praticantes de caça ilícita agem", destacou Ricardo.

O geólogo explica que a caça feita na área rual é feita com armas. Os caçadores utilizam cachorros para acuarem a presa, que é atingida por um forte feixe de luz nos olhos, uma técnica usada para paralisar a capivara. Em seguidas, os caçadores atiram no animal.

Prática também acontece na área urbana do município

A prática ilícita de caça a capivaras não se limita apenas à área rural e mais afastada do município. A atividade também tem sido detectada na área urbana. No Rio Piabanha que corta a Avenida Barão do Rio Branco, via que liga o Centro da cidade aos distritos, a presença de famílias do animal é certa, assim como de seus caçadores.

Depois de ser constantemente noticiada na imprensa local a ação dos caçadores na região, a ONG Anima Vida protocolou no Ministério Público Federal um pedido de apuração do crime ambiental. "Em agosto do ano passado, logo depois de sair na imprensa que moradores estavam vendo caçadores na Barão e até tentando espantá-los, decidi entrar com o pedido para apurar a veracidade disso. O MP encaminhou o caso à delegacia que já está colhendo depoimentos. Na esfera urbana, a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis (APA) que assume a fiscalização, mas que esbarra no problema de efetivo para fazer a repressão", explicou a coordenadora de atividades da ONG, Ana Cristina de Carvalho Ribeiro.

Nesse caso, a caça é feita através de armadilhas com aço que ficam armadas nos locais onde vivem o animal. Alimento - como mandioca ou milho - é usado para atrair o bicho, que quando entra na armadilha tem suas patas dianteiras laçadas.

Caça para o comércio clandestino de carne exótica

A capivara é um roedor típico da Mata Atlântica em ampla distribuição territorial. Seus hábitos são noturnos e elas vivem em colônias, que podem chegar a 15 membros, entre filhotes e adultos, como é o caso da que vive na Avenida Barão do Rio Branco. "Ele é um grande roedor que se procria facilmente. Não temos como calcular, mas aqui são centenas de indivíduos", explicou Ricardo.

O animal adulto chega a pesar 60 quilos. A presença desses bichos nas áreas rurais e, principalmente urbanas, segundo Ricardo, se deve ao fato de seus predadores naturais não existirem mais. "Os grandes felinos e caninos que seriam os responsáveis por fazer o controle natural dessa população também estão sendo extintos", observou.

De acordo com o geólogo, a caça em Petrópolis é feita tanto para o consumo próprio como para o comércio clandestino de carnes exóticas. "Essa caça é explorada por comerciantes que aliciam essa atividade. O comércio é permitido pelo governo federal, mas apenas oriundo de criadouros comerciais com essa finalidade de consumo. Na nossa região não existe esse comércio de abate", ressaltou Ricardo.



http://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/2013/05/pratica-ilicita-de-caca-capivaras-e-coibida-em-petropolis-rj.html
UC:Reserva Biológica

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