Primeira concessão florestal do país completa 3 anos

Serviço Florestal Brasileiro - http://www.florestal.gov.br/ - 23/09/2013
Um novo paradigma de uso das florestas brasileiras era colocado em prática há três anos. Foi quando entrou em operação, no dia 21/09, a primeira concessão florestal federal do país, que abrange uma área de 96 mil hectares na Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia.

Surgida com o objetivo principal de ordenar a atividade madeireira na Amazônia, essa política já mostra resultados e sinaliza que essa produção no bioma pode ser feita efetivamente em bases legais e sustentáveis.

"As concessões florestais melhoraram a reputação do setor madeireiro e indicaram novos caminhos: o da legalidade, do emprego responsável, da economia verde e o de dar efetividade aos objetivos para os quais as florestas nacionais foram criadas", afirma o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Antônio Carlos Hummel.

Desde que Jamari entrou em operação, mais de 70 mil metros cúbicos de madeira foram extraídos com garantia de origem. Na base dessa produção estão as empresas concessionárias, que empregam trabalhadores formais e capacitados que agora atuam no setor com carteira assinada; o planejamento para o manejo florestal que respeita a floresta e conserva a biodiversidade; investimentos na gestão do negócio e toda uma cadeia de valor que prioriza a sustentabilidade.

O nível de qualidade das concessões pode ser avaliado pelo alto índice de concessionários com certificação florestal - selo obtido de forma voluntária por meio de instituições independentes e que atesta para o mercado a origem da madeira. Do total de quatro empresas que são concessionárias federais no país, três são certificadas.

Avanços

Os primeiros anos da primeira concessão florestal marcaram a etapa mais intensa de uma curva de aprendizado - própria da complexidade que envolve mudanças de paradigmas - que envolveu todos os atores envolvidos nessa atividade. Os processos financeiros e administrativos ficaram mais próximos da atividade produtiva e os novos editais de concessão mudaram para ampliar a atratividade econômica.

Segundo os gestores da Amata, empresa de São Paulo que é uma das concessionárias em Jamari, a organização tem uma percepção diferente daquela quando iniciou na concessão. "Temos mais segurança em relação aos desafios e oportunidades envolvidos comparado a quando iniciamos, em 2008 [ano de assinatura do contrato de concessão]. Pois, não há como permanecer com a mesma percepção após cinco anos operando num processo inédito no país", afirmam.

De acordo com os gestores da empresa, as mudanças nos editais mais recentes evidenciam a evolução ocorrida neste período. "Contudo, ainda há espaço para avanços. Independente da curva de aprendizado inerente ao pioneirismo, nossa crença no modelo de concessões como parte da solução de oferta de áreas para manejo florestal nativo permanece".

Desafios

Produtos para a linha rodoviária, matéria-prima para móveis de designers de renome e pisos para residências estão os produtos comercializados pelas concessionárias. Embora exista uma forte demanda para a madeira no país (o mercado interno consome 70% da madeira produzida na Amazônia), os empresários afirmam haver desafios a serem superados.

"Todos os clientes sonham em consumir o produto da concessão, a dificuldade encontrada é a competitividade econômica, com produtos sem rastreabilidade, oriundos de áreas que não tem comprometimento com as condicionantes ambientais e sociais previstas por lei", afirma Jonas Perutti, da empresa rondoniense Madeflona, também concessionária no Jamari.

Os gestores da Amata seguem entendimento semelhante. "O mercado europeu e americano são sim favoráveis à madeira legal e sustentável e dão valor acima de tudo à madeira certificada", dizem. "Já o mercado brasileiro não está disposto a pagar o valor que essa madeira tem. Isso porque os custos de uma madeira legal e sustentável são maiores do que o preço encontrado hoje no mercado para esse produto. Dessa forma, há uma concorrência desleal entre produtores que respeitam a legislação, têm cuidados com o meio ambiente e as populações do entorno e aqueles que exploram a floresta de forma ilegal e com alto impacto negativo do ponto de vista ambiental e social", afirmam.

Na visão da empresa paulista, esse cenário tende a se modificar com a consciência dos grandes compradores de madeira com relação ao risco reputacional que sofrem ao comprar madeira sem garantia de origem. "Essa consciência pode vir pela convicção da sua importância na cadeia florestal e na oportunidade de agregar valor à sua marca e reputação, ou pela pressão da sociedade civil, responsáveis pela licença social de operação dessas empresas".

Segundo Hummel, é necessário criar incentivos para a madeira legal semelhantes àqueles existentes em outros setores da economia, como o de produtos e serviços e de infraestrutura. "É preciso estabelecer instrumentos econômicos de apoio a quem faz o manejo florestal nas concessões e também construir uma pauta sobre compras governamentais da madeira de concessão", afirma.

O diretor-geral do SFB afirma que o entendimento das potencialidades das concessões serviu para que a sociedade, por meio de relatórios e visitas de campo, entendesse que o manejo e o uso adequado das florestas públicas são uma das poucas alternativas para a economia florestal na Amazônia. "As concessões florestais se apresentam como o caminho mais seguro para uma produção madeireira responsável na Amazônia".



http://www.florestal.gov.br/noticias-do-sfb/primeira-concessao-florestal-do-pais-completa-3-anos
Florestas:Madeira-Exploração

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