Programa Floresta Modelo: parceria entre ciência e comunidade

Museu Paraense Emílio Goeldi - www.museu-goeldi.br - 29/03/2010
Implantada na Floresta Nacional de Caxiuanã (Flona) desde 1993, a Estação Científica Ferreira Penna, que foi idealizada para produzir conhecimento científico sobre a região amazônica, não o faz desvinculado das comunidades que estão ao seu redor, tanto que implementou o Programa de Desenvolvimento Sustentável Floresta Modelo de Caxiuanã. O Programa, idealizado pelo pesquisador Pedro Lisboa, primeiro coordenador da Estação, tem como objetivo central a educação ambiental, além do desenvolvimento de ações de saúde, resgate cultural, agricultura, manejo sustentável, agroindústria e infra-estrutura. Desde a sua implementação, o projeto em parceria com as prefeituras dos municípios de Melgaço e Portel já conseguiu ajudar na construção de três escolas na região e na aquisição de barcos para transporte de alunos dentro da Flona Caxiuanã.

A Estação está situada numa área estratégica, tanto em diversidade ambiental como populacional, mas que apresenta comunidades carentes de muitos recursos sendo um deles a informação qualificada. Para combater esse problema pensou-se em desenvolver atividades para integrar as comunidades dessa região. Quem idealizou as Olimpíadas foi a pesquisadora Dirse Clara Kern, uma das primeiras voluntárias do Programa Floresta Modelo.

Em princípio, as Olimpíadas eram no formato de uma gincana onde a troca de saberes era realizada de maneira lúdica, entremeada com brincadeiras e jogos. Foram realizadas seis Gincanas; na sua quarta versão a Gincana passou a integrar o calendário da Semana de C&T. Em 2008, a ex-diretora do Museu Goeldi, Ima Vieira, sugeriu que a Gincana passasse a se chamar Olimpíada de Ciências na Floresta Nacional de Caxiuanã.

Critérios para participação - Os critérios para as crianças dos municípios de Melgaço e Portel participarem das Olimpíadas são elaborados conjuntamente com os professores da Flona de Caxiuanã e os gestores das Secretarias de Educação desses municípios. Alguns dos critérios que são levados em consideração são: desempenho escolar, assiduidade e comportamento.

A principal premiação das Olimpíadas é a agregação de valor ao conteúdo escolar, uma vez que há uma integração entre os pesquisadores do Museu e de outras instituições de pesquisa que participam na realização do evento. Ao final de cada competição, as escolas participantes recebem um certificado. Uma das novidades das Olimpíadas em 2010 foi a apresentação de um produto final, organizado no formato de Feira de Ciências.

Além dos pesquisadores do Museu Goeldi, da Universidade Federal do Pará e da Universidade do Estado do Pará, a programação deste ano contou com a participação de Noé von Atzingen, biólogo e ambientalista, idealizador e presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, e Fabio Nauras Akhras, doutor em educação que atua como tecnologista do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), de Campinas.

A oficina ministrada por Nauras foi sobre linguagem áudio-visual, onde ele trouxe para as crianças a linguagem cinematográfica nacional e regional. Nauras debateu a função de recursos como trilha sonora, fotografia e diálogos. Segundo Nauras "é muito importante fazer esse tipo de evento em regiões como a Amazônia, afinal assim pode-se dar oportunidade para as pessoas participarem de coisas diferentes e isso é inclusão social".

O biólogo e ambientalista Noé von Atzingen ministrou oficina sobre a sua vivência com a Fundação Casa da Cultura de Marabá, além de ter sido convidado para fazer uma avaliação da programação e realização das Olimpíadas. Segundo von Atzingen que participou da primeira fase do Programa Floresta Modelo, "logo no início, quando formulamos as ações, pensamos em atividades que levassem conhecimento e troca de informações as comunidades. Vejo as Olimpíadas como uma espécie de coroação dessa intenção".

Atzingen ressaltou que esse tipo de iniciativa é importante para humanizar os pesquisadores, uma vez que muitos ficam tão envolvidos com o desenvolvimento de conhecimento científico que acabam esquecendo de socializar o conhecimento e interagir com a sociedade. Tanto que durante as Olimpíadas todos os pesquisadores e funcionários do Museu tinham uma escala para ajudar a servir o café da manhã, almoço e o jantar das crianças e professores que estavam na Estação Científica Ferreira Penna.

Para as atividades de 2011, discute-se a possibilidade de haver duas edições das Olimpíadas, para tentar atingir um grupo maior de jovens, segundo Noé "o que ficou claro é que ações como essas do Museu Goeldi em Caxiuanã obrigatoriamente têm que extrapolar as fronteiras da Amazônia".

Fundação Casa da Cultura de Marabá - Programa sócio-educacional, com quase 25 anos de existência, desenvolvido no município de Marabá, Estado do Pará, que leva palestras e debates sobre cultura, meio-ambiente, sustentabilidade e educação para o interior do município. A casa da Cultura de Marabá administra o Museu Municipal de Marabá, arquivo público, escola de música, orquidário, pinacoteca e uma biblioteca

Caxiuanã - A Flona de Caxiuanã, localizada no município de Melgaço, no Arquipélago do Marajó, a 400 km de Belém, é uma parte bem conservada da Amazônia, e base de apoio para as pesquisas do Museu Goeldi e da comunidade cientifica nacional e internacional. A sua biodiversidade, aliada à infra-estrutura da Estação Cientifica, permite o desenvolvimento de projetos de pesquisa, com a produção de dissertações de mestrado e teses de doutorado, além da realização de trabalhos de campo, seminários e visitas de alunos e professores de comunidades vizinhas à Floresta Nacional.

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