Queimadas avançam pelo país

Correio Braziliense-Brasília-DF - 20/07/2001
É alarmante. O aumento no número de focos de incêndio tem preocupado especialistas e organizações ambientais. Apenas entre o dia 1o e 18 deste mês foram registradas 3.582 áreas de queimadas. Esse número é 30% maior do que o registrado no ano passado. O Centro-Sul do país é a região mais afetada nessa época do ano devido ao período de seca não chove há 60 dias. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última quarta-feira haviam 314 novos pontos de incêndio captados por satélite. Quase 25% do total registrado nesse dia localiza-se no Mato Grosso, com 78 focos registrados.
O professor da Universidade de São Paulo, pesquisador das mudanças climáticas, Paulo Artaxo, alerta que o crescimento no número de ocorrências nesta época do ano pode ser um sinal muito perigoso. ‘‘O que está acontecendo não é normal. O aumento de queimadas costuma acontecer entre agosto e setembro, não entre junho e julho’’, explica. O pesquisador, que também é um dos dois brasileiros que participam do fórum internacional Painel Governamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), teme pelos efeitos dessas queimadas no futuro. ‘‘Especialmente na região do Arco do Desmatamento, que engloba Tocantins, Rondônia, sul do Pará e norte de Mato Grosso’’, diz. ‘‘A vegetação das áreas desmatadas passa a reter menos água, ocasionando aumento da seca, especialmente nas regiões desmatadas’’.
Artaxo critica a atuação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo ele, o instituto precisa fazer uma fiscalização mais efetiva nos estados brasileiros, para evitar aumentos tão significativos como o que está acontecendo. ‘‘Além de fiscalizar os desmatamentos ilegais, é preciso implementar uma política de prevenção dos incêndios e de esclarecimentos à população por meio de programas de educação ambiental prolongados’’, enfatiza.
Durante todo o dia de ontem duas áreas do país foram gravemente atingidas pelas queimadas. No Parque do Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro, cerca de 300 homens do Corpo de Bombeiros e da brigada do Ibama tentavam apagar o incêndio que atingiu grandes proporções de Mata Atlântica no sul do estado. O fogo se alastrou rapidamente por causa do vento forte e da seca na região. Segundo os bombeiros, o incêndio que atingiu cem hectares foi provocado por uma fogueira acesa por dois turistas no pico das Prateleiras. Cem hectares equivalem a 93 campos de futebol.
No região do Pantanal, Mato Grosso do Sul, um incêndio que já dura quatro dias destruiu mais de quatro mil hectares de áreas nativas na região de Porto Morrinho, em Corumbá. De acordo com a Polícia Florestal de Corumbá surgiram outros dois focos de queimadas em Abobral e na Serra de Bodoquena. Fazendeiros e funcionários da Ferrovia Novoeste tentaram controlar o fogo, sem resultado, por ser uma área de difícil acesso.
Florestas:Queimadas

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