Rio ganhará seu primeiro geoparque de diversões

O Globo, Rio, p. 24-25 - 10/07/2011
Rio ganhará seu primeiro geoparque de diversões

RIO - A riqueza ambiental e geológica do litoral fluminense poderá levar a Unesco a dar o sinal verde para que seja criado no Rio o segundo geoparque das Américas. Em setembro, será apresentado o projeto do Geoparque Costões e Lagunas do Rio, que abrange 15 municípios, numa área entre Maricá e São João da Barra, no Norte Fluminense, passando pela Região dos Lagos. No mundo existem 77 geoparques e o único latino-americano, o Araripe, foi criado em 2006 no Ceará. O selo da Unesco garante reconhecimento mundial à região, através da Rede Global de Geoparques, estimulando o turismo científico e cultural.
O conceito de geoparque exige que o território tenha limites definidos e importância científica, cultural, histórica e ecológica, entre outras. Precisa ter riquezas de geodiversidade e uma história capaz de conferir identidade ao local. Para conseguir a adesão das comunidades ao projeto, estão sendo feitas reuniões públicas em todos os municípios da área do geoparque.
O último encontro foi em Arraial do Cabo. Nesta segunda-feira, o projeto será levado, numa espécie de audiência pública, a Iguaba Grande e Búzios. Estão na coordenação do projeto a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de Zurich, o Serviço Geológico do Estado (DRM), a Secretaria estadual de Desenvolvimento, além de outras universidades e prefeituras das cidades envolvidas.
Além da beleza natural e das praias, o nosso litoral, em especial a Região dos Lagos, tem riquezas de grande interesse cientifico, arqueológico e ambiental. Há uma infinidade de valores de importância para a humanidade que são desconhecidos até mesmo pelos brasileiros. O geoparque vai valorizar este patrimônio mundialmente e ao mesmo tempo estimular o turismo e a economia - observa o presidente do DRM, Flávio Erthal, lembrando que a sede da geoparque ficará na Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio, que foi usada como pousada pelo naturalista britânico Charles Darwin em 1832.
O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, disse que todos os parques estaduais terão, nos seus centros de visitantes, uma área destinada à pesquisa cientifica.
- O geoparque é um, marco da fusão do meio ambiente com a ciência e a história. Vai levar o conhecimento e a defesa ambiental para um patamar superior - prevê o secretário.
Vão integrar o geoparque fluminense os sistemas lagunares de Maricá, Saquarema e Araruama (esta última com ambientes semelhantes aos da formação da camada do pré-sal); a restinga, formações rochosas, grutas e costões de Arraial do Cabo; as dunas, ilhas e sambaquis de Cabo Frio; os costões rochosos e o mangue de pedra de Búzios; o Rio São João, em Casimiro de Abreu; as áreas verdes intactas de Rio das Ostras; o arquipélago de Santana em Macaé; o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (Macaé, Carapebus e Quissamã), alvo de centenas de estudos científicos; e a Lagoa .Salgada na divisa de Campos e São João da Barra.


Economia também sai ganhando

Em Arraial do Cabo, o geossítio da Ilha de Cabo Frio (Ilha do Farol) já possui turismo estruturado e promete ser um dos principais atrativos do geoparque devido à riqueza das suas estruturas geológicas e beleza natural. Soma-se a isto uma impressionante riqueza cultural, tanto histórica e pré-histórica quanto das populações tradicionais da região.
O secretário de Ambiente de Arraial do Cabo, David Barreto, disse que vai fortalecer a economia:
- Com o geoparque, o turismo de Arraial do Cabo e de todos os demais municípios será favorecido porque vão surgir oportunidades de emprego, e haverá estímulo a novas atividades comerciais com a criação de pontos turísticos ainda não explorados.
Segundo a geóloga Kátia Mansur, da UFRJ, as áreas que conquistam o selo da Unesco devem ser representativas de parte da história geológica da Terra. É preciso também amplo apoio, da população local e programas de educação ambiental associados aos geossítios.
Nosso geoparque (costões e lagunas) já tem uma grande vantagem: mais de 40 sítios sinalizados pelo Projeto Caminhos Geológicos e Caminhos de Darwin. Não creio que existam geoparques que tenham tantos atrativos já sinalizados (em português e inglês, como quer a Unesco) - disse a geóloga.
O projeto de criação do geoparque fluminense já envolve mais de 40 entidades públicas e privadas, com apoio da Petrobras. O processo não é simples. Para emitir o selo, a Unesco exige, entre outros requisitos, comprovação do valor científico para as ocorrências de rochas e fosseis; garantias de que o geoparque vá contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da região escolhida; compromisso da formação de estudantes e visitantes em educação ambiental e geociências. O objetivo final é permitir que o geoturismo gere benefícios para a economia das cidades envolvidas e que ajude as pessoas a compreenderem a origem e evolução da paisagem local.
Existem duas outras propostas de geoparques no Brasil que já foram entregues para avaliação da Unesco: o Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e o Bodoquena-Pantanal, em Mato Grosso do Sul.

O Globo, 10/07/2011, Rio, p. 24-25
UC:Parque

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Restinga de Jurubatiba
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.