RO: devastação ocorre em áreas do governo federal

TERRA - http://noticias.terra.com.br - 18/06/2008
O governo do Estado de Rondônio informou, por meio de nota, que o percentual de desmatamento, apontado pelo relatório do Grupo de Trabalho Amazônia (GTA), é uma "triste e lamentável conseqüência da própria política de ocupação das terras do Estado, estimulada, no passado, pelo governo federal. Segundo o diretor de comunicação do governo de Rondônia, Marco Antonio Santi, responsável pela divulgação da nota, o desmatamento ocorre em grande parte nas áreas de responsabilidade do governo gederal, e não nas áreas do governo do Estado.

O relatório do Grupo de Trabalho Amazônia (GTA) divulgado na segunda-feira m em Cacoal, a 485 km de Porto Velho, aponta que unidades de conservação são devastadas por madeireiros em Rondônia. O documento critica os governos estadual e federal pela devastação da Amazônia no Estado.

O relatório afirma que a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) concedeu autorização para uma madeireira atuar dentro da reserva extrativista Rio Preto-Jacundá, o que gerou 2,5% de desmatamento da área total. O GTA também cita que o Estado permite invasões das Florestas Estaduais de Rendimento Sustentado (Fers) de Cujubim e Machadinho, aumentando o desmatamento das unidades.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo governo de Rondônia:

1 - O percentual de área desmatada apontado pelo relatório é uma triste e lamentável conseqüência da própria política de ocupação das terras do Estado estimulada no passado pelo governo federal, que obrigava aqueles que detinham a posse da terra em desmatar 50% da área ocupada sob pena de perder tudo que fora concedido pelo próprio governo. "Integrar para não entregar" era o lema de então.

2 - O desmatamento nas áreas de domínio do estado caiu substancialmente nos últimos anos, graças às políticas de fiscalização adotadas pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental - Sedam, que coíbe o desmatamento e age de maneira enérgica, na forma da lgeei, para impedir crimes ambientais. Em Rondônia existe o Zoneamento Ecológico-Ambiental, que demarca as áreas que podem ser desmatadas em acordo com a lei, e aquelas que devem ser reflorestadas por estarem em desacordo com o código florestal brasileiro.

3 - As áreas que estão sofrendo desmatamento atualmente pertencem na grande maioria a União, como as Florestas Nacionais e Áreas Indígenas, onde o governo do Estado não pode, por lei, agir para impedir qualquer ação neste sentido. Essa é uma obrigação do governo federal, que não vem sendo cumprida. Repetimos: o desmatamento ocorre em grande parte nas áreas de responsabilidade do governo gederal, e não nas áreas do governo do Estado.

4 - Além da falta de fiscalização do governo federal, a questão fundiária, igualmente de responsabilidade federal, é talvez a maior responsável pelo desmatamento, não só no Estado, mas também no País. Além de assentar famílias em áreas sem a mínima infra-estrutura, muitas vezes no meio da floresta, o Incra não concede os títulos de propriedades aos assentados. Assim, eles não podem obter crédito rural, não tem acesso a tecnologias que permitem aumentar a produção sem desmatar e são obrigados a derrubar a floresta para sobreviver. E mais uma vez o Governo do Estado de Rondônia se vê impedido por Lei Federal de coibir o desmatamento ou até mesmo de investir na melhoria de vida dos assentamentos. Recentemente foi criado pela administração estadual o Icoteron - Instituto de Colonização e Reforma Agrária de Rondônia, para agilizar a titularização de terras no estado, em parceria com o Incra.

5 - É lamentável que a mídia nacional destaque Rondônia como um Estado "devastado". Segundo o próprio relatório do GTA, ainda temos 72% de área coberta de florestas, índice muito superior a grande maioria dos Estados brasileiros, que já desmataram praticamente toda área original de floresta, cerrado ou mata atlântica. Ainda neste mês de junho começará a ser veiculada campanha publicitária no Estado no sentido de alertar a população quanto à importância da preservação da floresta e evitar queimadas.

6 - O governo do Estado de Rondônia está aberto a parcerias em programas de combate ao desmatamento com o governo federal. Iniciativas neste sentido já estão sendo tomadas com a elaboração de projetos conjuntos entre a Sedam, Incra e Ministério do Meio-Ambiente que, infelizmente até hoje, não enviou sequer um projeto de preservação ambiental ou repassou qualquer recurso para o estado preservar florestas ou fiscalizar áreas de preservação. Tudo que se tem feito neste sentido foi com recursos próprios da administração estadual.

Finalizando, é muito fácil apontar culpados e responsáveis estando dentro de uma sala com ar condicionado. É muito fácil cobrar para preservar sem pagar nada em troca. Países do primeiro mundo que já devastaram seu território, agora vem nos cobrar para preservar a floresta. Que os organismos internacionais, ONGs e todos aqueles interessados em preservar a Amazônia nos ajude nesta tarefa, para o bem de toda humanidade.
UC:Reserva Extrativista

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