Mais de mil agricultores familiares do entorno da unidade de conservação federal são beneficiados com projeto de sustentabilidade
Sementes colhidas na Floresta Nacional do Jamari ajudam na recuperação de áreas degradadas de Rondônia através do projeto 'Semeando a Sustentabilidade'. O trabalho existe há quatro anos e é realizado pelo Centro de Estudos Rioterra. O Portal Amazônia acompanhou a visita técnica de acadêmicos e profissionais de pesquisa a Flona.
De acordo com o coordenador de projetos do CES Rioterra Alexis Bastos, o projeto atua nas propriedades rurais localizadas no entorno da Flona do Jamari. ''Muitas dessas famílias vivem da agricultura e elas praticam uma agricultura que esgota muito rápido os recursos, e isso faz com que elas tenham que avançar a floresta constantemente'', destacou.
Como solução a esse problema, o projeto trabalha práticas e tecnologias voltadas para a agricultura nas áreas desmatadas. Mais de mil agricultores familiares do município de Itapuã do Oeste são beneficiados pelo 'Semeando a Sustentabilidade'. ''É um processo de convencimento, de trabalhar junto. A gente realiza assistência técnica, cadastro ambiental rural, oficinas, seminários, debates para levar as informações'', explicou.
As informações do projeto contribui para a mudança no entorno da Flona. ''Nós já temos conseguido mudar o cenário. Temos trabalhado para isso. As famílias já têm visto as mudanças nas propriedades, inclusive quando a renda. Temos também casos de agricultores que tinham convertido áreas de floresta para pecuária e agora estão reconvertendo para atividades agrícolas'', afirma Alexis.
Colheita de sementes
Mas a tarefa do 'Semeando a Sustentabilidade' não é fácil. E as dificuldades começam desde a colheita das sementes. Para a maioria das espécies é preciso fazer rapel, pois lá do alto que as sementes são coletas com mais qualidade. ''O projeto começa com a marcação das matrizes, ou seja, são escolhidas espécies arbóreas e delas são colhidas as sementes e é feito todo um trabalho para fazer a produção em massa das mudas", disse a bióloga do CES, Rioterra Ravena Braga.
Segundo a bióloga, o projeto beneficia os agricultores familiares através da doação de mudas, principalmente as frutíferas. ''Os agricultores podem mesclar as espécies tradicionais que eles produzem e as frutíferas que fazem com que eles tenham a produção diversificada", explicou.
Matrizes
Matrizes florestais são coletadas durante o projeto 'Semeando a Sustentabilidade', 36 espécies já foram catalogadas pelo Rioterra. ''Esse processo de cadastro das matrizes envolve desde a análise das espécies, ou seja, conhecer quais são as espécies tem valor econômico e valor ecológico. Também fazemos um trabalho para saber quais as espécies que se adaptam melhor as áreas degradadas'', disse o geotecnólogo, Abmael Ribeiro de Souza.
Outra atividade realizada pelo Rioterra é o monitoramento. ''Isso nos permite saber como está a situação do entorno da Flona do Jamari. Basicamente o monitoramento de focos de calor que são os incêndios florestais e também do desmatamento. Então utilizamos dados do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] e aí a gente vai a campo. Procuramos entender o porquê de está acontecendo e acionando os órgãos responsáveis para está controlando a evolução desses processos'', afirmou o geotecnólogo.
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