Suspeito confessa que assassinou ambientalista

FSP, Brasil, p.A14 - 26/02/2005
Suspeito confessa que assassinou ambientalista
Mario Hugo Monken Da Sucursal do Rio Leonardo de Carvalho Marques, 21, confessou ontem ter matado o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro, 61, na noite de terça-feira, em uma trilha na reserva ecológica do Tinguá, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio). Marques, que fora preso na noite de anteontem, afirmou que cometeu o crime porque o ambientalista estaria dificultando a caça de animais silvestres e a extração de palmito na reserva. Disse que agiu por conta própria sem ser mandado por ninguém. "Matei porque ele estava me perturbando por causa do palmito e da caça", declarou. A Polícia Federal, que também participa da apuração do crime, informou que Marques recebeu ordens para matar Ribeiro mas não relatou de quem. Segundo o delegado Marcelo Bertolucci, houve uma reunião antes do crime para tramar o assassinato. O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, disse não ter dúvidas de que Marques foi quem matou Ribeiro mas também suspeita que ele possa ter agido a mando de terceiros. Leonardo Marques já havia sido preso na quarta-feira depois de a polícia ter recebido uma informação do Disque-Denúncia de que ele seria o assassino. No entanto, acabou solto porque não tinha antecedentes criminais. O ambientalista, que era presidente do conselho fiscal do GDN (Grupo de Defesa da Natureza), vinha recebendo ameaças de morte e foi assassinado logo depois de sair de uma reunião na Associação de Amigos e Moradores do Tinguá. Na noite de quinta-feira, o depoimento de Alexander Barbosa de Matos, 32, o Bonga, um caçador da região, trouxe novas informações que ligavam Marques ao crime e ele voltou a ser preso. Em seu relato, Matos afirmou que, há duas semanas, conversou com Marques, que havia lhe dito que pretendia matar algum ambientalista. "Aí, está brabo. Eu vou ter que matar um. Tem que cair um ou dois. Eles [os ambientalistas] estão muito cagoetes (sic) e já está passando da hora", teria dito Marques a Bonga, de acordo com o depoimento dado à polícia. Ele disse que Marques também teria agido por vingança. Segundo ele, a polícia fez várias apreensões de armas nos últimos anos na reserva do Tinguá, a maioria delas com ajuda de informações passadas pelo ambientalista. O próprio Marques havia sido preso há dois anos pela posse de cinco espingardas. Arma do crime Álvaro Lins disse que Marques matou o ambientalista com uma espingarda de calibre 28. Na noite de anteontem, Marques levou os policiais até o local onde teria escondido a arma do crime e um estojo de projéteis. Fragmentos colhidos no corpo de Ribeiro são compatíveis com a arma apresentada. Será feito ainda um exame de balística para comprovar a relação.
FSP, 26/02/2005, p.A14
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