Viajante dos mares deixa lista de espécies ameaçadas

ICMBio - http://www.icmbio.gov.br/ - 31/03/2015
Ele possui asas negras que se destacam em meio à plumagem branca, e olhos bem marcantes. Assim é o albatroz-de-sobrancelha (Thalassarche melanophris), uma ave migratória de grande porte que viaja pelos mares do hemisfério sul.

Desde 2003, ele era apontado como espécie ameaçada de extinção (na categoria Vulnerável - VU), com uma população global de aproximadamente 600 mil casais. Mas, os esforços para a recuperação da espécie desenvolvidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o Projeto Albatroz, tiraram a espécie da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, divulgada em dezembro de 2014. Atualmente, o albatroz-de-sobrancelha está na categoria Quase Ameaçada (NT).

Segundo a analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), Patrícia Serafini, a boa notícia é fruto de um conjunto de fatores, que incluem o Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap), lançado em 2006, e um grande esforço internacional. "O Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre Espécies Migratórias desde 2008 e também participa do Acordo Internacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP)", destaca a analista.

Segundo ela, o albatroz-de-sobrancelha, por ser uma ave oceânica, interage fortemente com a pesca industrial. "Ao buscarem alimento, eles são vítimas de captura acidental, sendo arrastados para o fundo do mar e morrendo afogados", destaca Serafini, coordenadora do Plano de Ação.

Trabalho pela conservação continua

Embora tenha saído da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção, a espécie continua contemplada pelo Planacap por persistir a pressão de captura incidental na pesca industrial. Para combater isso, o ICMBio conta com uma Instrução Normativa de 2014, elaborada pelos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Pesca e Aquicultura (MPA), que regula uma série de medidas mitigadoras para reduzir esse tipo de captura.

As principais medidas estabelecidas na Instrução são a utilização do espantador de aves, conhecido como Toriline, nas embarcações, bem como o posicionamento adequado de pesos nas linhas de pesca para que afundem mais rapidamente. Outro ponto é a determinação de que os anzóis sejam lançados no período noturno, quando as aves estão menos ativas. Importante ressaltar, ainda, que as ações de fiscalização têm sido incisivas nos últimos anos, contribuindo para a melhoria do estado de conservação da espécie.

Projeto Albatroz é parceiro fundamental

Desempenhando papel essencial nesse processo, a organização não-governamental Projeto Albatroz é parceira do ICMBio e trabalha para reduzir a ameaça de captura incidental de albatrozes e petréis desde 1991. Segundo a coordenadora do Projeto Albatroz, Tatiana Neves, a relação entre as aves e os pescadores sempre foi de parceria, afinal elas indicam onde estão os cardumes. "Nosso o projeto é bem aceito por eles. Os observadores de bordo vão junto com os pescadores até o alto-mar para coletar dados e desenvolver novas tecnologias que diminuam a pesca incidental", explica Neves.

O Projeto Albatroz se faz presente, ainda, nos terminais de pesca, onde seus profissionais realizam atividades de educação ambiental. Conheça mais o Projeto Albatroz.

Sobre o albatroz-de-sobrancelha

Monogâmicos e longevos (chegando a atingir mais de 30 anos de idade), os albatrozes-de-sobrancelha se deslocam de ilhas distantes durante o inverno para buscar alimento no Brasil. Crustáceos, peixes e lulas são as refeições prediletas. Nesse período, eles são encontrados sobretudo no sul e sudeste brasileiros, com diversos registros da presença dessas aves em Unidades de Conservação (UCs), a exemplo da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC), do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS) e das Áreas de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba (PR) e Fernando de Noronha (PE).

O albatroz-de-sobrancelha procura a terra firme apenas durante a época de reprodução, que acontece anualmente. A espécie atinge maturidade sexual entre 7 e 9 anos de idade, colocando um único ovo por ano. Estudos populacionais recentes indicam tendência de crescimento na maior colônia reprodutiva do albatroz-de-sobrancelha, as Ilhas Malvinas, de onde provêm a maior parte da população que visita o Brasil.



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Biodiversidade:Fauna

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