Vice-governador desconhece impacto do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros na economia de Goiás

WWF - http://www.wwf.org.br - 15/05/2017
De olho na sucessão do Governo de Goiás, o atual vice-governador do estado, José Eliton (PSDB), demostrou que desconhece o potencial turístico e a capacidade que tem o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros de atrair negócios sustentáveis para a região que pretende governar.

Durante uma reunião para tratar de assuntos fundiários na Câmara Municipal de Cavalcante, na semana passada, o vice do também tucano Marconi Perrillo, em franco discurso de campanha, afirmou que é contrário à ampliação do parque, pois considera que isso representaria a condenação de vários municípios ao "atraso crônico e a ficarem à margem do processo de desenvolvimento".

A fala do vice-governador refere-se à proposta do governo federal de triplicar a atual área do Parque Nacional e que encontra-se travada na Casa Civil da Presidência da República pela oposição do governo de Goiás. Saiba mais.

A ampliação protegeria ecossistemas essenciais para manter a diversidade da paisagem do Cerrado, garantiria importantes áreas de recarga de água para a região, daria alento à sobrevivência de espécies ameaçadas e ainda abriria novos pontos de visitação para o público.

Uma petição pública já assinada por quase dez mil pessoas pede a ampliação do parque.

O governo goiano, porém, insiste que a ampliação do parque afetaria famílias e produtores rurais. Acontece que os técnicos do governo não apresentam os dados referentes a esses produtores. Ninguém sabe quem são, nem onde vivem, nem mesmo se existem de fato.

O Ministério Público Federal chegou a questionar oficialmente o governo de Goiás sobre isso, mas até o momento não recebeu resposta

Equívoco

Ao afirmar que o Parque Nacional de Veadeiros seria um vetor do atraso econômico e social, o vice-governador comete o grave erro de não revelar aos seus futuros eleitores o real impacto do parque na região.

Dados inéditos de uma pesquisa desenvolvida na região indicam que a visitação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros injeta na economia local recursos na ordem de R$100 milhões por ano.

O parque atrai turistas do mundo inteiro que vêm em busca das belas paisagens e da experiência com a natureza selvagem preservada em seus domínios.

Só no ano passado foram cerca de 70 mil visitantes registrados na portaria do parque. Com a abertura de uma nova portaria de acesso pelo município de Cavalcante e de atrativos inéditos no interior da unidade, o número tende a crescer.

Toda a região se beneficia do fluxo de turistas.

A cidade polo da região, Alto Paraíso de Goiás, que já recebe semanalmente milhares de visitantes, se prepara para uma nova etapa. Novos bairros surgem no entorno da cidade, mas agora com uma ideia de agregar práticas de ocupação mais sustentáveis.

A economia local está bastante aquecida, principalmente com o anúncio feito pelo líder espiritualista Prem Baba de erguer próximo ao parque nacional uma ecovila para abrigar seus seguidores que anualmente vêm para a região em busca de comnhecimento interior.

Atualmente, os serviços de apoio ao turista na cidade e na Vila de São Jorge se sofisticam e oferecem desde passeios guiados pelas inúmeras cachoeiras da região, escalada, rapel, balonismo e os roteiros místicos que fazem a fama do lugar.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros abriga locais considerados de padrão internacional para a prática de canionismo - um esporte que consiste na exploração progressiva de um rio, transpondo obstáculos verticais, através de diversas técnicas e equipamentos. Praticado em diversas áreas protegidas ao redor do mundo, o esporte movimenta milhões de dólares todos os anos.

Veja fotos.

Enquanto esses novos empreendimentos apostam no potencial futuro da região, restaurantes, cafés e lojas que funcionam a pleno vapor nos feriados e finais de semana. Hotéis e pousadas só com reservas antecipadas.

É uma economia que não depreda e ainda ajuda a conservar as belezas naturais da Chapada.

O estudo A contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional conclui que a presença de unidades de conservação tem se revelado um bom negócio para prefeituras, gerando renda e aumentando a arrecadação tributária.

O Departamento do Interior (DOI) dos EUA, responsável pelos parques nacionais norte- americanos, em seu relatório econômico anual para o ano fiscal de 2015, mostrou que as atividades do departamento associadas com recreação ao ar livre, conservação, água e energia renovável levaram a um resultado econômico de US$ 106 bilhões e mantiveram 862 mil empregos.

Contradição

O governador Marconi Perillo (PSDB) chegou a se comprometer publicamente em tornar Alto Paraíso um modelo de sustentabilidade e inovação para o país. Mas na prática, seu gabinete parece caminhar no sentido contrário.

Além do compromisso do seu vice de "trabalhar contra a ampliação do parque", o secretário de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos, Vilmar Rocha, tem tido posições claramente contrárias ao que defende publicamente o governador.

Rocha é quem tem representando o governo goiano nas negociações com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para tratar da ampliação de Veadeiros. E tem sido um obstáculo para se aumentar a proteção à biodiversidade do seu estado natal.



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