WWF-Brasil e INPE respondem à carta da revista Veja

WWF Brasil-Brasília-DF - 25/09/2003
Matéria acusa Governo do Acre de aumentar o desmatamento

Carta do WWF-Brasil
Para Editor Chefe Eduardo Oinegue Revista Veja
c/c Leonardo Coutinho,
Brasília, 23 de setembro de 2003.
Prezado Editor,
A propósito da matéria intitulada "O crime da motoserra", assinada por Leonardo Coutinho e publicada na página 115 da última edição de Veja que circulou no dia 21 de setembro, gostaríamos de esclarecer que a rede WWF - mencionada na matéria com o antigo nome Fundo Mundial para a Natureza, não mais utilizado pela mesma - concedeu o prêmio "Presente ao Planeta Terra" ao governador Jorge Viana por ações concretas e não por uma questão de marketing. O prêmio foi concedido pela criação do Parque Estadual do Chandless e de três florestas estaduais destinadas à produção sustentável, totalizando 1 milhão e 177 mil hectares de áreas protegidas, cujos decretos foram assinados no dia 5 de setembro de 2003 em Rio Branco.
A rede WWF - a maior rede ambientalista mundial independente, integrada por organizações autônomas de mais de 30 países, entre as quais o WWF-Brasil - caracteriza-se por atuar com base em estudos técnicos e científicos. Estudos científicos comprovam que parques e outras áreas protegidas são eficazes na prevenção do desmatamento e na conservação da biodiversidade. As unidades em questão foram criadas em áreas previamente definidas como prioritárias para tal, conforme estudos técnicos realizados no Zoneamento Ecológico Econômico do Estado e pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia - ARPA, do Ministério do Meio Ambiente, ambos com a participação técnica e financeira do WWF-Brasil.
Aproveitamos para chamar sua atenção para o fato de que a matéria cita os números do desmatamento mas ignora o contexto, induzindo o leitor a uma conclusão equivocada. Os índices de desmatamento na Amazônia têm sido muito elevados, inclusive no Acre - que ainda é um dos estados mais preservados da região. No entanto, o WWF-Brasil acredita que sem a atuação do governo Jorge Viana, de apoio à atividade florestal sustentável e proteção à biodiversidade, o avanço do desmatamento no Acre seria ainda muito maior, como ocorreu em outros estados da Amazônia.
O WWF-Brasil está à sua disposição para quaisquer outros esclarecimentos.
Atenciosamente,
Ulisses Lacava
Coordenador de Comunicação WWF-Brasil


Esclarecimento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE


Prezado Dr. Edegard de Deus, Secretário de Meio Ambiente do Estado do Acre
Gostaria de esclarecer os seguintes pontos relativos à matéria veiculada pela VEJA on-line de autoria do Sr Leonardo Coutinho com o título "O Crime da Motosserra" :
Fui entrevistado por telefone na semana passada pelo Sr Coutinho que procurava informação a respeito dos levantamentos de áreas desmatadas realizados pelo INPE dentro das atividades do Projeto PRODES do Programa de Monitoramento Ambiental da Amazônia do INPE que estou coordenando desde o dia 18 de agosto de 2003. Informei-lhe que estes dados estão disponíveis na página de rede da Coordenadoria de Observação da Terra do INPE: http://www.obt.inpe.br. Nesta página são apresentadas estimativas de taxas de desmatamento anual por estado da Amazônia Legal de 1988 até 2001 e taxas de desmatamento anual estimadas para as 50 imagens de 2002 que são utilizadas para a estimativa expedita da taxa de desmatamento anual de toda a Amazônia Legal.
Deixei claro para o Sr. Coutinho que não é possível estimar uma taxa para um estado a partir da informação referente às 50 imagens de 2002, pois é preciso saber a priori o quanto da área da imagem pertence a um determinado estado e o quanto que o desmatamento observado nesta área representa historicamente do total desmatado no estado.
Infelizmente, apesar de ser alertado de que não é possível estimar as taxas de desmatamento anual por estado com base nos dados disponíveis na referida página de rede, o Sr. Coutinho publicou erroneamente na referida revista on line que a taxa de desmatamento para o Estado do Acre para o período de 2001 a 2002 foi de 1208 Km2/ano que é simplesmente o resultado da soma das taxas de desmatamento anuais estimadas para as imagens 001/67 (457,09 Km2/ano), 002/67 (704,30 Km2/ano) e 005/65 (46,74 Km2/ano). Todas as três imagens cobrem apenas parcialmente o território do Estado do Acre, havendo também contribuições dos Estados do Amazonas e Rondônia na imagem 001/67 e do Estado do Amazonas nas imagens 002/67 e 005/65 no cômputo das taxas de desmatamento publicadas para cada imagem.
Está portanto incorreta a taxa de desmatamento no Estado do Acre no período 2001-2002 publicada no gráfico apresentado na referida matéria, assim como é incorreta a afirmação de que este valor se trata de uma medição. O PRODES mede o incremento da área desmatada mapeada com base nas imagens de satélite. Taxas anuais de desmatamento são estimadas posteriormente com interpolações da área de incremento em regiões não mapeadas devido à cobertura de nuvens e normalizadas para o período de um ano.
Gostaria de esclarecer também que a afirmação "é uma destruição horrorosa" a mim atribuída foi utilizada totalmente fora de contexto. Eu explicava ao Sr. Coutinho que estamos aguardando a aquisição de imagens do mês de setembro para iniciar as medidas do período 2002-2003. Este é o último mês com boas probabilidades de aquisição de imagens com baixo percentual de cobertura de nuvens e grande parte do desmatamento é evidenciada no período de agosto-setembro. Indagado se o desmatamento se concentra neste período, eu usei esta frase me referindo a toda a Amazônia Legal e não a um Estado em particular.
Finalmente informo que além desta nota de esclarecimento, me empenharei em produzir uma posição oficial do INPE amanhã em relação a esta matéria. A presente nota está sendo enviada também aos meus superiores imediatos Dr. João Vianei Soares, Chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Dr. Gilberto Câmara, Diretor da Coordenadoria de Observação da Terra do INPE.
Por favor sinta-se a vontade para me procurar caso novos esclarecimentos forem necessários.
Atenciosamente
Dalton de Morisson Valeriano
Coordenador do Programa de Monitoramento Ambiental da Amazônia
Divisão de Sensoriamento Remoto
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
UC:Geral

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Chandless
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.