Controlado incêndio na Reserva de Poço das Antas

O Globo, Rio, p. 10 - 10/02/2014
Controlado incêndio na Reserva de Poço das Antas
Chamas consumiram mil hectares de mata, junto à floresta que abriga micos-leões

PAULO ROBERTO ARAÚJO
pra@oglobo.com.br

RIO - O incêndio que destruiu mais de quatro milhões de metros quadrados de mata da Reserva Biológica de Poço das Antas (Rebio), em Silva Jardim, foi controlado na tarde deste domingo por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), voluntários e bombeiros. Durante a madrugada, o fogo ultrapassou uma barragem feita neste sábado e queimou até os dormentes de madeira da via férrea que corta a área da Rebio próximo à BR-101. Logo adiante, porém, o fogo foi debelado.
- Foi uma sorte muito grande porque as chamas estavam muito perto da área da floresta em regeneração. Os focos foram controlados a tempo. A imagem do local atingido pelo foco é terrível. Agora temos que manter a vigilância para evitar novas queimadas - disse o secretário-executivo da Associação do Mico-Leão Dourado, Luiz Paulo Ferraz, que afirmou que o fogo começou numa área de assentamento do Incra. - É um problema recorrente que só terá fim com muita educação ambiental para os lavradores assentados no entorno da Rebio. Além disso, é preciso que as pessoas sejam punidas. É um caso grave de crime ambiental, pois todos sabem que não se pode provocar fogo na região.
Segundo o chefe da Rebio, Gustavo Luna Peixoto, o foto atingiu uma pequena parte da floresta que abriga cerca de 280 micos-leões-dourados, a única reserva para a espécie no mundo. Nas fazendas próximas vivem outros 1.200 animais.
Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Inea, André Ilha disse que a situação é "extremamente preocupante" em todo o estado em relação a incêndios florestais, devido à seca. O fogo já destruiu parte da mata dos parques da Costa do Sol, Cunhambebe, Pedra Branca, Mendanha e Serra da Tiririca.
Ambientalista e vice-prefeito de Niterói, Axel Grael defendeu uma campanha urgente de alerta à população:
- Estão ocorrendo muitos incêndios. E tudo com origem criminosa ou negligência.
Agentes do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com apoio de um helicóptero, ainda combatem outro incêndio, provocado por um balão, no Parque Estadual da Serra da Tiririca, na vertente de Maricá.
O único avião monomotor do Corpo de Bombeiros do Rio usado no combate a incêndios caiu pouco depois de decolar do Aeroporto de Resende, em setembro de 2011. Foi anunciada a compra de duas aeronaves para combater incêndios florestais, o que não ocorreu até hoje.

O Globo, 10/02/2014, Rio, p. 10

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