Nas últimas três décadas - entre 1981 e 2012 - Mato Grosso foi um dos estados que mais reduziram o tamanho das áreas públicas legalmente instituídas como unidades de conservação ambiental.
Cinco unidades mato-grossenses perderam pouco mais de 150 mil hectares, o que corresponde a cinco parques do tamanho do de Chapada dos Guimarães (32 mil hectares) ou 150 mil campos de futebol, de acordo com dados de uma pesquisa nacional feita pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Aqui, grande parte das terras perdidas pelas reservas e parques ambientais está com a iniciativa privada e produz grãos (soja), gado, energia e outras atividades econômicas. Outra parte foi para urbanização, com o avanço das cidades. Isso aconteceu por meio de decretos governamentais homologados pela Assembleia Legislativa.
As constatações foram publicadas em forma de artigo na Conservation Biology, uma das mais respeitadas publicações científicas do mundo.
A pesquisa, feita como conclusão de curso por Luan Amin Pena e orientada pelo professor Enrico Bernard aponta, por exemplo, que o Parque Estadual do Xingu, no município de Santa Cruz do Xingu, a 1.212 quilômetros de Cuiabá, liderou o ranking dessa investida contra o meio ambiente.
O parque perdeu 42.438 hectares para a agricultura e pecuária. O tamanho despencou de 137.150 para 94.712 hectares. Isso ocorreu em 2003, dois anos depois de sua criação, por decisão do governo Estadual, com a anuência da AL.
Em seguida aparece o Parque Estadual Serra de Santa Bárbara, nos municípios de Pontes de Lacerda e Porto Esperidião (430 e 358 km de Cuiabá), onde a redução da área foi de 37.059 hectares (de 157.151 caiu para 120.092 hectares) em floresta amazônica.
O Parque Estadual Rio Ronuro, ou Estação Ecológica do Rio Ronuro, localizada no município de Nova Ubiratã, também sofreu grande golpe. Em área de floresta Amazônica, despencou de 131.795 para 102.000 hectares, uma queda de 29.795, em decreto estadual de 2005.
Já no Parque Nacional Campos Amazônicos, compartilhado pelos estados de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia, viu sua área sendo reduzida em 34.149 hectares (de 961.320 para 873.570 ha). Na parte mato-grossense, esse parque alcança o município de Colniza (1.120 km de Cuiabá) e está cortado pelo Rio Roosevelt.
Em unidade exclusivamente estadual, a menor redução, mesmo assim significativa, ocorreu no Parque Estadual Araguaia, de 6.826 (de 230.000 para 223.174). Criado em 2001, sua reclassificação, para redução, aconteceu em 2006 e, conforme o estudo, por interesses econômicos.
Outros parques e reservas, entre os quais o de Chapada dos Guimarães e o Parque Estadual Serra Ricardo Franco, não integram esse estudo porque a abrangência da pesquisa limitou-se aos 20 anos anteriores e 11 posteriores à criação do Sistema Nacional de Unidades Conservação (Snuc), criado para instituir regras, normas e orientar a gestão das unidades. E ainda, aos processos de redução e reclassificação homologados.
Parques estaduais como do Cristalino, em Alta Floresta, da Serra Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, vivem situação semelhante, com redução iminente, faltando apenas a conclusão dos procedimentos.
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=455013
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