Dados são de levantamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Estado tem 116 unidades de conservação e 62 foram afetadas.
Das 116 áreas verdes protegidas em Minas Gerais, 62 foram afetadas por ao menos um incêndio neste ano, o que representa 53,44% do total. Os focos foram na área interna ou no entorno. Os dados são de um levantamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e consideram ocorrências até esta segunda-feira (19). Neste período, foram queimados 40,5 mil hectares de área verde, que correspondem a aproximadamente 40 mil campos de futebol.
As áreas protegidas ou unidade de conservação foram instituídas por lei e são delimitadas para estabelecer mecanismos mais efetivos para a proteção da biodiversidade. As demandas para criação estão relacionadas ao interesse e manifestação da sociedade civil, comunidade científica e de órgãos públicos.
O levantamento mostra que, ao todo, foram 718 ocorrências de incêndios dentro ou nas proximidades das áreas protegidas. Em algumas delas, houve dezenas de focos.
"Os incêndios acontecem normalmente a partir de julho, porque a gente tem a suspensão das chuvas e um período de estiagem. Gradativamente, a umidade do ar vai caindo. E no auge do tempo seco, a vegetação fica extremamente desidrata e a propagação é facilitada. Neste ano, tivemos recordes de temperaturas, com a umidade do ar muito baixa variando entre 12 e 30%. E isso no final da estação seca. São três componentes que favorecem a incêndios", afirma o diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, Rodrigo Belo.
Neste mês de outubro, que está sendo extremamente seco, a gravidade de algumas ocorrências chama a atenção, como o ocorrido no Parque Estadual da Serra do Rola Moça nos últimos dias. O último incêndio afetou 25% da área do parque, situado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em seis dias, foram destruídos mil dos quatro mil hectares da unidade de conservação, de acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais. A área queimada corresponde a cerca de mil campos de futebol. A suspeita é que o fogo tenha sido colocado de forma criminosa.
"Tem pessoas que colocam fogo de propósito. A maior parte [dos incêndios] é causada pelo homem. É como se a pessoa que colocou fizesse um desmate de mil hectares, mata fauna, flora, compromete o abastecimento, comete um crime muito difícil de medir", afirma o diretor, após se referir ao ocorrido na Serra do Rola Moça. Segundo ele, provar a autoria é algo muito difícil e os casos acabam com impunidade.
No parque, outros 410 hectares foram desvatados em incêndio anterior, segundo Belo, e ainda não contabilizados no último levantamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Desde domingo (18), as chamas estão controladas e é mantido um monitoramento para evitar que os focos reacendam. O levantamento informa que, neste ano, o parque já teve outras 42 ocorrências de menor impacto na área interna e 18 no entorno, com cerca de 45 hectares queimados.
Já nos municípios de Januária e Bonito de Minas, no Norte do estado, a Área de Proteção Ambiental (APA) Cochá e Gibão foi afetada por 39 incêndios na área delimitada e uma queimada no entorno somente neste ano. O fogo consumiu 16 mil hectares, o que equivaleria a 16 mil campos de futebol. Contudo, a área de uso sustentável é muito extensa com mais de 300 mil hectares. As APAs são unidades de conservação em que há um controle da ocupação humana para garantir o uso sustentável dos recursos naturais.
A devastação pode ser ainda maior, porque novos incêndios são combatidos nesta quarta-feira (21). De acordo com a secretaria, há 19 focos em 11 unidades de conservação espalhadas pelo estado. São elas:
- Parque Estadual Serra do Cabral (Buenópolis e Joaquim Felício):
- Parque Estadual Verde Grande (Matias Cardoso);
- Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (Zona da Mata);
- Parque Estadual Mata do Limoeiro (Itabira);
- Parque Estadual Pico do Itambé (Santo Antônio do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas);
- Área de Proteção Ambiental Águas Vertentes (Couto de Magalhães de Minas, Diamantina, Felício dos Santos, Rio Vermelho, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas, Serro);
- 2 focos na Área de Proteção Ambiental Cochá e Gibão (Januária e Bonito de Minas);
- 2 focos de incêndio na Área de proteção Especial Todos os Santos (Teófilo Otoni);
- 6 focos na Área de Proteção Ambiental Especial Alto Mucuri (Caraí, Catuji, Itaipé, Ladainha, Malacacheta, Novo Cruzeiro, Poté, Teófilo Otoni);
- Área de Proteção Ambiental Especial do Rio Pandeiros (Bonito de Minas);
- Parque Estadual Serra das Araras (Chapada Gaúcha).
Período crítico
Durante todo o ano, os meses de julho a novembro são considerados críticos para incêndios florestais, de acordo com órgãos ambientais, e concentram o maior número de ocorrências. De janeiro a outubro, foram 480 ocorrências de incêndio nas áreas internas das unidades de conservação e 238 no entorno. Do total das 718 ocorrências, 639 estão compreendidas neste período. Em todo o ano de 2014, foram registrados 867 incêndios em unidades de conservação estaduais.
http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2015/10/mais-de-50-das-areas-protegidas-em-mg-teve-ao-menos-1-incendio-em-2015.html
Florestas:Queimadas
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