Abrolhos pode ter mais espécies do que o Caribe inteiro

OESP, Vida, p. A38 - 10/06/2006
Abrolhos pode ter mais espécies do que o Caribe inteiro
Só a região das ilhas da Bahia tem 1.300 organismos diferentes, diz estudo

Cristina Amorim

A diversidade biológica do Banco de Abrolhos, no litoral baiano, ainda surpreende: no primeiro levantamento amplo feito no local, cerca de 1.300 espécies foram identificadas, entre elas moluscos, um peixe e corais novos. A pesquisa foi feita em 2000 e os resultados, publicados agora pela ONG Conservação Internacional (CI).

O estudo sugere que o nível de endemismo, ou seja, as espécies que são encontradas apenas lá, pode ser maior do que o do Caribe.

O trabalho reuniu especialistas de áreas diferentes, que analisaram 45 pontos no banco para fazer um inventário de seis grupos: peixes, moluscos, crustáceos, algas, corais e poliquetos, seres anelados com cerdas. Além das espécies novas, eles também viram outras 220 pela primeira vez em Abrolhos. "O banco não é homogêneo, contínuo, e sim um mosaico", diz Rodrigo Leão de Moura, do Programa Marinho da CI.

Os dados deixam claro que o Parque Nacional (Parna) Marinho não é suficiente para proteger a biodiversidade deste recife. Isso porque boa parte das novidades foi vista fora dele. "A área do Parna foi delimitada em cima de informações fragmentadas. Os bancos de recife não foram incluídos por falta de conhecimento na época", explica Clóvis Barreira e Castro, do Museu Nacional, que participou de ambos os estudos: o último, feito em 2000, e o primeiro, que deu base para a criação da unidade de conservação.

A Área de Proteção Ambiental (APA)Ponta da Baleia/Abrolhos deveria garantir boa parte desta proteção. Apesar de criado em 1993, ela não conta com plano de manejo ou conselho para colocá-la em funcionamento.

O perigo vem do trabalho irregular de pescadores, mas principalmente das indústrias de exploração de petróleo e gás e de produção de camarão.

Uma portaria presidencial publicada em maio delimita uma área de 95 mil km2 no entorno para absorver o impacto destas duas atividades, que ficam proibidas em 75% do espaço e permitidas, sob critérios rigorosos, no restante.

OESP, 10/06/2006, Vida, p. A38
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