Obras não executadas impedem visitação

O Povo - http://www.opovo.com.br - 05/09/2011
Em fevereiro de 2008 o Governo do Estado criava no Crato, na região do Cariri, o Parque Estadual Sítio Fundão. Passado esse tempo, porém, as intervenções do poder público no local foram pouco além do restauro da casa sede do parque, entregue em março deste ano.

No dia da inauguração da casa, conforme O POVO publicou na edição de 30 março deste ano, estavam previstas a construção de trilhas para permitir a visitação; a restauração das ruínas de um engenho de cana de açúcar do século XIX e a recuperação do que sobrou de uma barragem construída por escravos em 1877. Cinco meses depois, nenhuma obra foi iniciada.

Outro processo emperrado é a criação do plano de manejo, documento técnico essencial para a definição de quais atividades podem ser realizadas em uma unidade de conservação.

O ambientalista cratense Edmundo Alencar diz que nada foi feito depois da inauguração da casa sede. "E só fizeram porque teve intervenção do Ministério Público. De tudo, apenas a cerca que fecha a entrada foi feita e está sendo destruída", denuncia Edmundo.

Ele teme que, por conta da chegada do período de chuvas, a situação do antigo engenho piore. Segundo ele, o telhado de madeira que cobria o local desabou. "Vão deixar destruir tudo aquilo ali. Tiraram até os gerentes", conta Edmundo, que é neto de Jéferson Franca de Alencar, proprietário original das terras onde hoje fica o Sítio Fundão.

Medida compensatória
Paulo Henrique Lustosa, presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), explica que as obras no Sítio Fundão são bancadas como medida compensatória das atividades da empresa termoelétrica MPX, no Pecém. De acordo com Lustosa, a MPX contratou uma empresa para a execução das obras e esta desistiu do contrato.

"Reabrimos a discussão com a empresa responsável pela compensação. Foi feita nova versão do projeto arquitetônico. Queríamos algo que ocupasse menos área do parque", detalha Paulo Henrique.

O presidente do Conpam reconhece que o processo é "mais complicado", mas diz acreditar que, finalizado o projeto, as obras vão ser rápidas. "Nosso objetivo é, no começo do ano que vem, entregar o parque com obras executadas", projeta Paulo Henrique. Ele explica também que o local só será aberto a visitação pública depois de concluídas as obras.

Ainda segundo ele, até setembro deve ser assinado termo de cooperação entre Conpam e Universidade Regional do Cariri (Urca) que deve contemplar assistência técnica para elaboração do plano de manejo da unidade de conservação. (Colaborou Amaury Alencar)

Onde

ENTENDA A NOTÍCIA

O Sítio Fundão é uma unidade de conservação de proteção integral criada no Crato. Mais de três anos após o parque ser criado, porém, a visitação pública continua fechada. Obras prometidas não foram executadas.

Saiba mais

1) O Parque Estadual Sítio Fundão integra o Sítio Batateira, do GeoPark Araripe.

2) Para obter licenciamento ambiental, a empresa MPX deve executar obras de compensação ambiental no valor de R$5 milhões. Desse total, R$1,2 milhão deve ser destinado ao Sítio Fundão.

3) Até agora, apenas R$200 mil foram executados. Foi entregue o restauro da casa onde viveu Jéferson Franca de Alencar, antigo dono do sítio. O agricultor construiu há mais de 60 anos uma casa de taipa com dois pisos, exemplar único no Estado. A antiga morada deve servir de base para a administração do Parque.

4) Paulo Henrique Lustosa cita ainda a mudança da administração das unidades de conservação no Estado. Por determinação do governador Cid Gomes, desde maio elas passaram da responsabilidade da Semace para o Compam.

5) De acordo com Paulo, Cid determinou que todos os cargos de gestor (das unidades) se dessem por seleção pública. "Estamos esperando concluir esse processo para nomear o gestor do Parque", explica.





http://www.opovo.com.br/app/opovo/ceara/2011/09/05/noticiacearajornal,2292800/obras-nao-executadas-impedem-visitacao.shtml

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