No mês de outubro, a Floresta Nacional de Paraopeba, unidade de conservação (UC) gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade localizada em Minas Gerais, sediou uma reunião com a comunidade local para apresentar livreto sobre o Projeto Minhocuçu - que leva o nome da espécie do minhocuçu Rhinodrilus alatus.
Segundo a coordenadora do projeto, Maria Auxiliadora Drumond, o livreto é uma compilação de informações coletadas ao longo dos sete anos de existência do projeto. "São inúmeras curiosidades sobre a espécie, de características biológicas e comportamentais a atividades diretamente relacionadas a ele, como a extração, comercialização e pesca", frisa Drumond.
O livreto ainda apresenta um panorama dos conflitos, a história do Projeto Minhocuçu e as ações implementadas. A expectativa é de que ele seja lançado ainda este ano. Iniciado em 2004, o Projeto Minhocuçu tem como objetivo conhecer a espécie do minhocuçu Rhinodrilus alatus e a situação social e econômica que gira em torno da sua extração, comercialização e uso como isca para a pesca.
Mesmo o Rhinodrilus alatus não sendo uma espécie ameaçada de extinção, segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) adotados para a elaboração de listas da fauna ameaçada no Estado de Minas Gerais e no Brasil, inúmeros são os conflitos decorrentes dessas atividades. Daí se buscarem soluções que visem ao equilíbrio ambiental e social, como a elaboração de um plano de manejo para a floresta nacional.
Além do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a construção do plano de manejo envolve parceiros como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Instituto Sustentar, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, além de proprietários rurais, empresas reflorestadoras, extratores e comerciantes de minhocuçus.
Rhinodrilus alatus
O minhocuçu Rhinodrilus alatus tem aproximadamente 60 cm de tamanho corporal e é endêmico do bioma cerrado da região central do Estado de Minas Gerais. Sua comercialização e uso como isca para a pesca amadora data da década de 1930, portanto, muito antes da espécie ser descrita, por Gilberto Righi, em 1971.
São iscas muito demandadas em diferentes regiões do país por serem apreciadas por diversas espécies de peixes, além de ser de fácil conservação e possuir uma baixa taxa de mortalidade no transporte. Sua exploração é uma atividade consumada na região, sendo a demanda da pesca que define o grau de pressão sobre a espécie.
Milhares de pessoas e diferentes comunidades estão envolvidas no uso do minhocuçu. Dentre eles, uma comunidade quilombola com cerca de duas mil pessoas que tem na extração do minhocuçu sua principal fonte de renda.
Inúmeros conflitos sociais, ambientais e institucionais estão relacionados à atividade, como a captura, condicionamento e comércio de fauna silvestre, invasão de propriedades privadas e da Floresta Nacional de Paraopeba e uso do fogo durante a extração em áreas de cerrado, pastagens e silviculturas.
A questão socioeconômica persiste e se agrava ao longo do tempo, devido a importância do minhocuçu como fonte de renda e as poucas alternativas de trabalho da região. Estudos apontam a possibilidade da adoção do manejo adaptativo como método para auxiliar na implementação de políticas voltadas a esse sistema.
http://www.icmbio.gov.br/comunicacao/noticias/20-geral/2341-livreto-sobre-projeto-minhocucu-e-apresentado-a-comunidade-na-floresta-nacional-de-paraopeba
UC:Floresta
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