O Campus Universitário do Marajó-Soure está estrategicamente inserido na Microrregião do Arari, no Marajó - região que agrega em seu território mais de 40 comunidades quilombolas, segundo o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Marajó - PDTS - Marajó (BRASIL, 2007). Destas comunidades, 18 estão localizadas no município de Salvaterra, mas, até recentemente, não existia, no campus, nenhum projeto ou atividade voltada para as comunidades quilombolas da região.
Observando a existência de certa desvalorização e mesmo o desaparecimento nas comunidades quilombolas de algumas práticas relacionadas ao patrimônio cultural, particularmente da produção de artesanato em fibras naturais e confecção de cuias tingidas, a técnica e pesquisadora da UFPA, Maria Páscoa de Sousa, preocupou-se com o esquecimento da história social e cultural destas comunidades. Por conta disso, ela elaborou um projeto com o objetivo de resgatar e preservar esta cultura. É o Marajoculturarts, trata-se de um projeto financiado pela Pró-reitoria de Extensão da universidade Federal do Pará - PROEX (Edital PIBEX - 2012), o projeto também conta com a parceria de uma escola pública de Salvaterra (E.E.M. Ademar Nunes de Vasconcelos).
Primeiros passos - As ações iniciais consistiram em visitas às comunidades quilombolas de Salvaterra para conhecê-las e entrar em contato com os artesãos locais, para fazer um cadastro dos processos artesanais que cada artesão produzia nas comunidades. Inicialmente, o projeto previa apenas desenvolver ações em três comunidades (Bairro Alto, Bacabal e Deus me Ajude), mas por conta da demanda oriunda de pessoas das demais comunidades, durante a apresentação inicial do projeto, em maio, foi necessário estender o raio de ação do projeto para mais comunidades. As oficinas começaram a ser realizadas em junho, com a confecção de cuias tingidas, na comunidade de Bairro Alto.
Experiência - Nas comunidades por onde o projeto passou, houve grande aceitação da oferta das oficinas, principalmente pelo fato dos oficineiros serem das próprias comunidades ou de comunidades vizinhas. "A participação tem sido excelente, os participantes, inclusive, procuram saber onde comprar os produtos", disse a coordenadora do projeto. Para ela, o projeto reforça, principalmente, o patrimônio imaterial contido nos saberes e fazeres relacionados à produção artesanal das comunidades.
Ligação pessoal - Maria Páscoa de Sousa conta que o motivo da execução do projeto passa pela origem dela. "Sou quilombola (da comunidade de Bairro Alto) e agora que estou na UFPA, tenho a possibilidade de fazer algo pelo meu povo".
Graduada em Letras, a professora concluiu, em dezembro de 2011, o mestrado em Planejamento do Desenvolvimento Regional, pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA), desde então, ela tem atuado em projetos ligados à área social por meio da extensão universitária. "Entre 2007 e 2009, coordenei em Soure o programa Conexões de Saberes: Diálogos entre a Universidade e as Comunidades Populares, cujo objetivo era estabelecer o diálogo com aqueles estudantes universitários em vulnerabilidade social e econômica e discutir questões como cotas, ingresso, permanência e saída dos mesmos na universidade", relata a professora.
Até março de 2013, o projeto Marajoculturarts passará por todas as comunidades mapeadas, e ainda serão ofertadas as mesmas oficinas na sede do município de Salvaterra, na Escola Ademar de Vasconcelos. Nos meses de fevereiro e março do próximo ano, haverá o Seminário de culminância do Projeto, a ser realizado no Campus da UFPA em Soure.
Ainda em 2012, as ações do projeto serão apresentadas durante a Jornada de Extensão da UFPA, entre os dias 20 e 22 de novembro.
http://www3.ufpa.br/multicampi/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=778:preservacao-da-cultura-quilombola-no-marajo&catid=3:mas-notas
Quilombo
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Arquipélago do Marajó
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.