Situada numa Área de Preservação Ambiental (APA) de Chapada dos Guimarães, a Fazenda do Grupo Sadia, responsável pelo cultivo de centenas de milhares de pés de eucalipto numa região de aproximadamente dois mil hectares, tem causado preocupação por estar, praticamente, encostada ao lado oeste do Parque Nacional - uma das Unidades de Conservação mais importantes do Estado, pela rica biodiversidade e potencial turístico.
As implicações para o meio, a médio e longo prazo, na visão de ambientalistas, podem ser catastróficas.
Considerada uma espécie exótica, importada da Austrália, o eucalipto nada tem e ver com a vegetação nativa do cerrado mato-grossense.
Além da alegada redução na biodiversidade da fauna e flora, causada pela substituição de centenas de espécies vegetais por uma única - afugentando insetos e animais para outros locais -, as plantações estariam contribuindo para o enfraquecimento do solo e afetando a vazão da nascente do ribeirão Mutuca, que se localiza nas proximidades.
Isso porque o eucalipto é famoso por ser um conhecido "sugador de água", da terra e adjacentes.
"O eucalipto, enquanto não encontra um lençol freático, não cresce. Por isso sua presença nas proximidades de nascentes, cabeceiras de rio, é uma questão muito delicada", pontua Arão de Siqueira, fiscal aposentado da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), que durante 17 anos prestou serviços ao governo.
Em sua pesquisa intitulada "O eucalipto e seus efeitos ambientais em larga escala", o geólogo e doutor em Desenvolvimento Sustentável, Maurício Boratto Viana, pontua que o plantio da espécie resulta em empobrecimento de nutrientes no solo, bem como seu ressecamento, culminando na desertificação de amplas áreas e consequente extinção da fauna.
Todo o eucalipto produzido na Fazenda do Grupo Sadia serve de lenha, para abastecer as caldeiras da empresa de alimentos - uma das maiores do mundo.
A referida Fazenda é mais antiga que o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, que foi criado no dia 12 de abril de 1989.
Somente com a fundação do Parque é que passou a existir leis e normas para regulamentar a utilização do território, com a instituição, por exemplo, das APAs.
"A Fazenda da Sadia foi favorecida. As leis existentes atualmente não se aplicam a ela", resumiu Arão.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da BR Food, grupo empresarial do qual faz parte a Sadia, não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=431068
UC:Parque
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