A cidade de Maceió abriga duas Unidades de Conservação que poderiam ser descritas por suas belezas cênicas ou por sua diversidade de flora e fauna. Mas, elas são conhecidas - principalmente - por fornecer a água que chega às casas de milhares de moradores da capital alagoanos. No entanto, o fornecimento de água e a proximidade com áreas urbanas são desafios para a manutenção da biodiversidade nas Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Pratagy e do Catolé e Fernão Velho.
As duas APAs juntas somam 18.784,5 hectares distribuídos em parte do território dos municípios de Maceió, Satuba, Santa Luzia do Norte, Coqueiro Seco, Messias e Rio Largo. Entre os rios e mananciais mais conhecidos estão o rio Pratagy e o açude do Catolé e Cardoso. Devido à proximidade com as áreas urbanas, as duas partilham problemas parecidos: desmatamento; deposição irregular de resíduos sólidos; construções irregulares; queimadas; falta de saneamento ou esgotamento sanitário e problemas socioeconômicos das habitações existentes no entorno das áreas com matas preservadas.
De acordo com o diretor de Unidades de Conservação do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Alex Nazário, a Mata Atlântica - com seus ecossistemas - predomina nas duas APAs. "A permanência delas é essencial para a manutenção das diversas nascentes que convergem para rios e açudes, fornecedores estratégicas de recursos hídricos para a cidade", explica
Segundo informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), as duas Áreas de Conservação possuem Conselho Gestor como espaço de discussão e encaminhamentos de ações concretas. Os Conselhos são formados por representantes de organizações da sociedade civil, iniciativa privada, poder público e instituições de cunho técnico científico.
Catolé e Fernão Velho
Entre Maceió e Satuba, existe um lugar conhecido como "Cerradinho", por guardar características de flora semelhantes às encontradas na região do Cerrado brasileiro. Esse lugar é uma espécie de entrada que aos poucos se adensa em um belo exemplar de resistência da Mata Atlântica. A Mata do Catolé, como é conhecida a região de 620 hectares, cumpre um papel fundamental de proteger e abastecer o Açude do Catolé e Cardoso, que serve ao abastecimento de água para mais de 20% da população que reside na capital e no distrito de Fernão Velho.
A área é pública e está sob a posse e cuidados da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal). Em 2012, após atender a uma série de denúncias, o IMA intensificou operações em parceria com o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), com o intuito de identificar responsáveis e conter possíveis crimes ambientais. Além do desmatamento gradativo, os relatórios de monitoramento apontam a presença de áreas sendo demarcadas ilegalmente. "Encontramos piquetes de madeira e de concreto, dentro e no entorno da mata. Havia um aspecto de demarcação de lotes", explica o diretor presidente do IMA, Adriano Augusto.
Em decorrência das interferências encontradas, foram iniciadas uma série de tratativas com a Casal, visando o reforço da segurança. "Nós não podemos permitir mais impactos sobre uma área tão rica e tão importante", reforça Adriano Augusto. Dessa forma, em maio deste ano, foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica entre IMA, BPA e Casalpara intensificar as ações de fiscalização.
A APA do Catolé e Fernão Velho foi criada pela Lei estadual n". 5.347 de 27 de maio de 1992, completando 21 anos na próxima semana. Os 5.415 hectares protegidos estão classificados como uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, de modo que permite o uso e a ocupação ordenada dentro do seu limite.
Por sua localização, a APA do Catolé e Fernão Velho sofre a pressão direta das áreas urbanas. "Conter o avanço da população e a agressão ao que ainda resta de biodiversidade é o grande desafio", comenta o técnico do IMA e chefe da APA do Catolé e Fernão Velho, Pedro Normande .
Os principais rios existentes dentro da APA do Catolé e Fernão Velho são Mundaú e o Satuba, além de alguns riachos, como o Catolé, o Carrapatinho e o Aviação. "Essa riqueza em quantidade de água também se deve à presença dos remanescentes florestais", explica a curadora do Herbário MAC do IMA, Rosângela Lyra.
APA do Pratagy
A APA do Pratagy é semelhante com a APA do Catolé e Fernão Velho na biodiversidade e nos problemas. No entanto, a do Pratagy possui mais que o dobro do tamanho. São 13.396,5 hectares compreendidos entre parte de três municípios de Messias, Rio Largo e Maceió.
Ela foi criada pelo Decreto no 37.589/ 1998, com objetivo de "harmonizar as atividades com o equilíbrio ambiental do ecossistema da Bacia Hidrográfica do Rio Pratagy", conforme informação da Diretoria de Unidades de Conservação do IMA.
Com apenas 15 anos de idade, é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável e por isso comporta a habitação e utilização da área. Dessa forma, as ricas nascentes sofrem com o avanço das áreas cultivadas de cana-de-açúcar. "Apesar do avanço dessas áreas, ainda restam grandes áreas preservadas de Mata Atlântica que podem ser encontradas principalmente nos tabuleiros e sas áreas de mangues localizadas próximo à foz do Pratagy", explica o diretor de Unidades de Conservação do IMA, Alex Nazário.
O Rio Pratagy nasce em Messias e a Bacia dele tem como o principal afluente o Rio Messias, conhecido como Rio do Meio. É uma das principais fontes hídricas da cidade de Maceió. Organizações Não Governamentais, Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma), Casal e BPA compõem parceiros importantes na gestão da Unidade.
http://www.agenciaalagoas.al.gov.br/noticias/areas-de-protecao-ambiental-garantem-fornecimento-de-agua-na-capital
UC:APA
Unidades de Conservação relacionadas
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- UC Bacia do Rio Pratagi
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