Fica em Barra do Quaraí, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, um parque que lembra uma Savana. São mais de 1,7 mil hectares de vegetação única no estado, além de ameaçada. Na unidade de conservação do Parque Estadual do Espinilho, criado em 1975, é possível encontrar espécies raras de animais e plantas, além de um formigueiro gigante.
"No parque temos uma grande quantidade de plantas tanto ameaçadas quanto endêmicas, de espécies que só ocorrem na região. Em torno de 14 espécies são ameaçadas, raras e, quanto mais pesquisas são realizadas, mais descobertas de novas espécies surgem", diz Tatiana Uchoa, gestora do parque.
Em um dos recantos da unidade de conservação, o tipo de solo composto principalmente por sal, favorece o crescimento de algumas dessas raridades. No parque nascem o Quebracho e o Algarrobo, árvores que formam a savana gaúcha e estão no local há pelo menos quatro milhões de anos.
O engenheiro florestal José Newton Marchiori pesquisa essa vegetação já mais de 35 anos. Ele explica que a porção do Espinilho chamada de algarrobal é diferente de tudo o que se vê no estado. "É singular, única. É muito distinta do ponto de vista florístico do que ocorre no restante do Rio Grande do Sul", diz ele. Nas partes mais brancas do parque, o solo é 100% sal. Isso porque a região é totalmente plana e de baixa altitude. Assim, os sais são levados pelas águas para os rios próximos, e ali ficam concentrados.
O Inhanduvá completa a paisagem. É a árvore mais presente em todo o parque. O Espinilho reserva ainda mais surpresas. Não é apenas a vegetação que é rara e única. Um formigueiro gigante também é atração aos visitantes. Ele mede cinco metros de diâmetro.
O pesquisador Vicente Simas é um observador da espécie de formigas que constrói o ninho. A Atta vollenweideri. São mais de 20 anos de estudos. "Nós já abrimos formigueiros com quatro, cinco, seis metros de profundidade. É uma profundidade bastante significativa", salienta. São mais de 1,5 milhão de insetos dentro do ninho.
Elas têm diversas castas. São formigas de diferentes tamanhos com atividades exclusivas para cada uma. "As bem pequenas são as que se encarregam da limpeza e da alimentação das larvas, e dos pequenos. As outras, médias, são as que vão a campo colher vegetação para trazer para o ninho. E, dentro do ninho, tem um grupo que se encarrega de picar, macerar e fazer o cultivo do fungo. As maiores são encarregadas da defesa, são verdadeiros soldados", completa.
Não muito longe do formigueiro, o Rio Quaraí-Chico, que corta todo o Espinilho, guarda em suas margens uma mata fechada, úmida e densa. E que também sofre uma grande ameaça dos agrotóxicos. "A gente sabe que isso afeta diretamente os animais. As plantas, em primeiro lugar, e depois os animais que podem vir a morrer, inclusive muitos dos que são ameaçados, acredita-se que não existam mais aqui em decorrência da existência de lavouras pelos agrotóxicos", diz Tatiane Uchoa.
Preservar o Rio Quaraí-Chico é um dos objetivos do Espinilho e as aves são parte do cenário. São mais de 185 espécies já catalogadas. Treze delas estão ameaçadas de extinção. No local elas ficam protegidas. Elas emprestam o canto e a beleza para completar o espetáculo de preservação no parque.
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/nossa-terra/2013/noticia/2013/05/parque-reune-especies-raras-de-plantas-e-animais-em-barra-do-quarai.html
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