A Reserva Extrativista da Lagoa de Jequiá guarda um dos belos lugares do estado de Alagoas. Essa é uma constatação fácil de fazer ao percorrer sua área, os canais dos rios que desaguam ou por onde escorrem as águas que a forma. Toda a beleza esconde também riquezas da biodiversidade e problemas, principalmente ocasionadas pela ação antrópica, seja por conta da urbanização, seja pela produção agrícola.
A equipe do Instituto do Meio Ambiente (IMA) percorreu a área da Laguna que compõem a Resex e o Rio Jequiá, da foz até a desembocadura no mar, com técnicos do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), pescadores, representantes da prefeitura do município de Jequiá da Praia e policiais do Batalhão de Polícia Ambiental, na quinta-feira (05).
"A Resex de Jequiá é federal e por isso está sob a coordenação da equipe do ICMBio, mas nós já nos colocamos a disposição para fazer o que estiver dentro das nossas possibilidades para conservar o que ainda existe, resolver alguns problemas e evitar danos maiores", comentou Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA.
Segundo, Manuel Messias, diretor de Laboratório do Instituto, as primeiras observações aparentam boa condição. Isso porque a equipe fez coleta em nove diferentes pontos e na maioria deles a medição local da quantidade Oxigênio Dissolvido (OD) estava dentro do previsto da Resolução no 357 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que trata também da classificação das águas e versa sobre os padrões aceitáveis.
"Faremos a análise em laboratório, mas os sedimentos estão com cheiro característico, não encontramos indícios visíveis de problemas na água, mas saberemos a situação real quando tivermos o resultado da análise nas amostras coletadas", disse.
Foram feitas coletas de água e de sedimentos. O primeiro local escolhido foi a foz do Rio Jequiá - um dos principais contribuintes da Laguna, ali a profundidade chegou a 04m. O segundo ponto de coleta está localizado na área entre os povoados conhecidos por Mutuca e Ponta D'Água, com 12m de profundidade. O terceiro, próximo ao local chamado de Roçadinha, chegou a 08m. No quarto, próximo a margem do local conhecido por Timbó, chegou a 1,5m. No quinto e no sexto, próximo a uma nascente encontrada, chegou a 5,0m e 2,5m. No sétimo, a foz de um Riacho conhecido no local como Norte Grande, a profundidade estava em 1,10m. No oitavo, na 'Boca do Rio Jequiá', chegou a 2,5m.
O nono ponto de coleta foi na região da foz do Rio Jequiá no mar, próximo a um restaurante que aparentava lançar esgoto direto na água. Esse foi um dos problemas encontrados, os outros dão conta de áreas com processos de assoreamento causado por construções ou cultivos de modo inadequados, ocupações irregulares e pressão ocasionada pela deposição irregular de resíduos.
A Resex da Lagoa de Jequiá foi criada em 27 de setembro de 2001, para preservação do ambiente natural e dos modos tradicionais de vida da população local. Os pescadores artesanais ainda questionam para que serve esse tipo de Unidade de Conservação. Isso porque, um dos principais problemas enfrentados é a diminuição gradativa do pescado e a pesca irregular.
Eles apontam como alternativas a fiscalização permanente, a dragagem do rio, defeso de determinadas espécies e do camarão, a reposição de uma rede em toda a entrada do canal da lagoa em períodos de 15 dias por mês - esse é o ponto de maior controvérsia, porque os pescadores acreditam que com a rede os peixes não descerão para o mar e, dessa forma, ficarão dentro da lagoa. Todavia, a prática não é permitida e causa uma série de controvérsias.
"Nós temos o entendimento que nosso trabalho deve ser feito em conjunto e contamos com o apoio dos outros órgãos ambientais e também da comunidade", disse Diana Alencar, analista do ICMBio e atual chefe da resex.
Segundo informações do ICMBio, a Resex possui área total de 10.203,90 hectares e é formada pela Laguna de Jequiá; uma porção do oceano, que adentra três milhas náuticas e se estende pela linha da costa entre os rios Taboado e Jequiá; e por parte do Rio Jequiá, no trecho compreendido entre a lagoa e o mar, incluindo os manguezais.
Possui Conselho Deliberativo, formado por 30 pessoas representantes da sociedade civil e de órgãos governamentais. Alex Nazário, diretor de Unidades de Conservação do IMA, explica que "apesar de ser conhecida como Lagoa, trata-se de uma laguna por manter a comunicação com o mar". A Laguna tem como principais contribuintes o Rio Taquari e o Jequiá, esse com expressiva quantidade do ecossistema Manguezal. Segundo informações do livro Cobertura Vegetal do Estado de Alagoas & Mangues de Alagoas, cerca de 132,98ha, distribuídos em 24 fragmentos. O principal bioma é o Marinho Costeiro com expressiva presença da Mata Atlântica.
http://aquiacontece.com.br/noticia/2013/09/06/laguna-de-jequia-guarda-a-unica-reserva-extrativista-de-alagoas
UC:Reserva Extrativista
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