Governo envia equipe para aldeia dos iauanaua

A Tribuna-Rio Branco-AC - 10/11/2004
Representantes do governo do Estado, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e dos índios iauanaua estiveram reunidos na manhã de ontem para definir as ações que serão desenvolvidas para combater uma possível epidemia na Aldeia Nova Esperança, localizada às margens do Rio Gregório, em Tarauacá.

Na reunião, ficou acertada a ida de uma equipe de representantes da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), Departamento Estadual de Águas e Saneamento (Deas) e da Funasa para identificar as possíveis causas da doença que está atacando os índios e iniciar, rapidamente, o tratamento dos doentes.

A situação ficou mais grave na semana passada quando uma criança de um ano de idade morreu e outras seis pessoas tiveram que ser internadas no hospital de Tarauacá para receber tratamento.

O secretário de Comunicação, Aníbal Diniz, disse que o governador Jorge Viana está preocupado com a situação dos índios e determinou que fossem desenvolvidas ações urgentes para resolver o problema e evitar que a situação piore.

"Essa reunião foi um pedido do governador, que tem uma preocupação muito grande com as aldeias indígenas. Vamos unir forças com a Funasa e tentar resolver esse problema o mais rápido possível. Amanhã, estaremos enviando medicamentos e uma equipe de profissionais para analisar o caso e cuidar dos doentes", disse ele.

A intenção é coletar a água consumida pelos índios e analisar a qualidade dela, já que pelos sintomas, apresentados pelos doentes (diarréia e vômito), são típicos de doenças contraídas a partir da ingestão de água contaminada.

"Também vamos mandar uma boa quantidade de soro e outros medicamentos para os índios que estão desnutridos e hipoclorito de sódio para tratar a água. Estamos confiantes que esse problema será resolvido rapidamente", comentou Diniz.

Representante dos índios iauanaua, Joaquim ficou satisfeito com o resultado da reunião e disse que a ajuda do governo do Estado é fundamental para preservar a saúde dos indígenas e evitar maiores problemas.

Ele revelou que está sendo construído um mini-hospital na aldeia e pediu apoio para que a Sesacre enviasse alguns medicamentos.

"Trouxemos esse problema para o conhecimento das autoridades, porque a situação ficou complicada na aldeia e sabemos que o governador é nosso amigo, mas agora estou tranqüilo, pois sei que o governo do Estado não vai medir esforços para garantir nossa saúde", ressaltou.

Projetos para tratar água da região

Durante a reunião, também ficou acertado que o governo do Estado, por meio do Departamento Estadual de Águas e Saneamento (Deas), irá desenvolver projetos para melhorar a qualidade da água que os índios utilizam para beber.

Caso seja constatado que a água está contaminada, a intenção é construir poços artesianos nas comunidades, iniciar uma distribuição continuada de hipoclorito de sódio ou até mesmo doar filtros para evitar mais problemas.

Como são muitos os indícios de que a água do Rio Gregório, consumida pelos índios iauanaua, está contaminada, a expectativa é que o problema na Aldeia Nova Esperança seja fruto dessa contaminação.

"Já estamos realizando esse tipo de ação em outras aldeias, localizadas nos Rios Purus e Iaco. Mesmo com todas as dificuldades, vamos melhorar a qualidade da água e proporcionar melhores condições de saúde para os índios", disse.

Entenda o caso

Desde o dia 2 de novembro que alguns índios da Aldeia Nova Esperança, localizada às margens do Rio Gregório em Tarauacá, adoeceram, apresentando, como principais sintomas, diarréia, vômito e dores musculares.

O problema se agravou no último sábado quando uma criança de aproximadamente um ano de idade morreu. Outras seis pessoas foram internadas no hospital de Taraucá, com os mesmos sintomas.

Segundo relato dos índios, a doença inicia-se com fortes náuseas, perda de apetite, diarréia e vômito. Depois, vêm as contrações musculares, que causam desidratação.

Como a situação estava ficando complicada, a Funasa enviou uma equipe ao local para verificar a situação dos índios que estavam doentes.

"Não sabíamos o que estava acontecendo, por isso resolvemos passar instruções para que pudessem tratar os doentes e amenizar o sofrimento. Vamos continuar acompanhando até que o problema seja amenizado", disse o coordenador da Funasa, Luiz Alberto Fernandes.
PIB:Acre

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