No mês em que comemoramos o Dia Mundial da Água a região de Itu-SP pode também comemorar: o rio Piraí está mais protegido do que nunca.
Além da APA Estadual (Área de Proteção Ambiental de Cabreúva, Cajamar e Jundiaí) que protege as nascentes na Serra do Japi e boa parte da microbacia, em dezembro foi aprovada a criação da APA Municipal do Pedregulho.
Embora as duas APAs dependam de processos complementares, como a elaboração de um plano de manejo e a efetivação de um conselho gestor, a consolidação destas unidades de conservação representa um avanço na preservação dos recursos hídricos e demais ativos ambientais.
No entanto, um olhar mais atento para a região nos revela que nem tudo está protegido. Ao longo do Piraí e nas proximidades dos córregos que formam sua microbacia há centenas de pessoas em situação precária. São moradores de áreas irregulares e de habitações rurais do bairro Pedregulho.
Esses ribeirinhos do Piraí não contam com nenhuma estrutura pública local: não há atendimento de saúde, nem saneamento, o acesso a água é limitado. Faltam equipamentos de lazer ou entretenimento, a mobilidade é reduzida e a única escola atende uma mínima parcela das crianças. E são elas as mais prejudicadas.
A falta de escola obriga as crianças e jovens a estudar no bairro do Pinhal, na vizinha Cabreúva. O ônibus escolar não chega em dias de chuva e os horários do ônibus urbano são restritos. A falta de ônibus prejudica o acesso ao SUS, já que a população tem que buscar atendimento no bairro do Jacaré, também em Cabreúva.
Em locais como a Vila Pedreira (João Ferreira), às margens da rodovia D.Gabriel, as centenas de famílias ribeirinhas dependiam até pouco tempo apenas das nascentes do lado oposto da estrada. A água chega por conduites e os moradores vão pacientemente enchendo as caixas. O ano passado foi perfurado um poço artesiano, mas só recentemente as famílias estão concluindo a ligação nas casas. Quanto ao saneamento, embora boa parte das casas tenham fossas, ainda há locais onde o esgoto corre a céu aberto.
A ocupação da microbacia no Pedregulho acarreta um grave problema de poluição difusa das águas por esgoto doméstico. Boa parte das habitações rurais são muito antigas, servidas de fossas precárias com pouca ou nenhuma manutenção. Além disso, a falta de sistemas mais eficientes de coleta e reciclagem de resíduos sólidos leva boa parte desse material para os cursos d'água. Na Pedreira, por exemplo, há containers da prefeitura de Itu apenas na entrada da vila, o que dificulta o descarte do lixo para as famílias que moram mais distantes, morro acima.
Essas populações se instalaram no local em função do trabalho nas fazendas, na extração de pedras e mais recentemente buscam emprego nas indústrias. São legítimos habitantes destas áreas protegidas, mas circunstancialmente estão menos protegidos que o próprio território.
O resultado disso são impactos diretos sobre a água, um dos principais ativos que as APAs pretendem proteger.
Proteger as populações do Pedregulho ampliando o atendimento público na região significa preservar os recursos hídricos da microbacia. Cuidar das crianças ribeirinhas, garantir a elas uma infância sem risco, acesso à saúde, creche, escola, boas condições de higiene e saneamento é tão urgente quanto cuidar da água. Levar cidadania aos ribeirinhos é garantir vida saudável às pessoas e ao Piraí.
http://www.itu.com.br/opiniao/noticia/ribeirinhos-do-pirai-20140326
UC:APA
Unidades de Conservação relacionadas
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