O Reservatório do Batatã, inaugurado em 1964, corre sério risco por causa da quantidade de ocupações desordenadas que vem tomando de conta do Parque Estadual do Bacanga, onde está o reservatório, segundo matéria do jornalista Adriano Martins Costa, do jornal O Estado do Maranhão.
Bairros já consolidados como Coroado, Coroadinho, Vila Itamar e Vila Esperança e outros mais novos, como Residencial Shalon e Recanto Verde, diminuíram substancialmente o tamanho do parque, que de 6 mil hectares, quando da sua implantação, ainda em 1944 ,como Reserva de Floresta Protetora, decretada pelo então presidente Getúlio Vargas, passou a menos de 3 mil atualmente, mais exatamente 2.634,06 hectares.
O grande problema é que se tratam de ocupações desordenadas, o que significa que não têm nenhum tipo de planejamento com relação aos esgotos, que são jogados diretamente dentro das nascentes e igarapés, e fatalmente desembocam dentro do Reservatório do Batatã.
"Alguns igarapés estão sendo poluídos por esgotos que procedem da área do Terminal Rodoviário de São Luís e do bairro Santo Antônio. O Rio Batatã tem suas nascentes ameaçadas pelo desmatamento descontrolado e pela retirada clandestina de piçarra; o igarapé que divide a Vila Itamar do Recanto Verde está seco e só serve de canal para dejetos, esgotos doméstico e industrial", explicou o ex-coordenador-geral do Projeto de Implantação do Conselho Gestor do Parque Estadual do Bacanga, Murilo Sérgio Drummond, em sua pesquisa sobre o Parque Estadual do Bacanga.
Segundo pesquisas, nos últimos 30 anos, por causa das ocupações espontâneas e a má gestão de recursos hídricos, São Luís perdeu praticamente todas as suas áreas produtoras de água para abastecimento doméstico. Foram desativados o sistema do Rio Maracanã, que captava água para a Barragem do Batatã, o sistema do Olho d'Água e a antiga Barragem do São Raimundo, além da quase extinção do Rio Jaguarema. Permanecem apenas os sistemas Sacavém, que compreende o Batatã, e o Paciência.
O reservatório do Batatã foi estrategicamente construído pelo Departamento Nacional de Obras em um esforço conjunto de pesquisa de militares, engenheiros americanos e técnicos locais. Ele faz parte do Sistema Sacavém e quando foi inaugurado tinha 485 metros de comprimento, profundidade máxima de 17 metros e suportava uma proporção de 4,6 milhões de metros cúbicos de água. Está situado em uma altura de 15 metros e cercado por tabuleiros de aproximadamente 60 metros de altura, o que facilita o escoamento da água da chuva para dentro do reservatório, seja por via superficial ou subterrânea.
Só que a água das chuvas não era para ser o principal provedor do reservatório, que nesse caso poderia ficar seco em época de estiagem, como a que ocorreu no começo deste ano, mas sim os pequenos rios e nascentes que vertiam para dentro da barragem. Entre esses rios está o Igarapé Batatã, que deu nome à reserva.
O igarapé fica na linha limítrofe entre a Vila Itamar e o Recanto Verde e em alguns trechos está completamente tomado por lixo, sendo utilizado para o descarte irregular de esgoto e dejetos. "O assoreamento do Igarapé Batatã e as perdas de vários afluentes reduziram substancialmente o volume e comprometeu a qualidade da água para o reservatório. O igarapé, severamente impactado, era o principal contribuinte de água para o reservatório. Atualmente escoa uma pequena parcela de água servida e esgoto in natura", afirmou a professora doutora em Geociências e Meio Ambiente, Ediléa Dutra Pereira.
A pesquisadora ainda ressaltou que essas águas servidas, que são águas já utilizadas e descartadas, e o esgoto, acabam por seguir o caminho natural dos córregos e rios e caem diretamente dentro do reservatório, comprometendo a qualidade da água, que em certos pontos tem altos índices de coliformes fecais e bactérias nocivas à saúde. Outros riachos da região, que desapareceram, foram o Zé Cearense e o Veloso, restando somente, o Mãe Isabel e o Rio da Prata.
Resistência
O Batatã foi projetado em 1964 para servir água à população de São Luís ao menos pelos próximos 25 anos, quando a capital, previa-se, iria ter algo próximo dos 500 mil habitantes. Hoje, São Luís tem uma população estimada de 1.053.922 pessoas. O Batatã serve pelo menos 25 bairros com água potável e, segundo o engenheiro e doutor em Saúde Pública, Lúcio Antônio Alves de Macedo, resistindo como o único manancial de águas dentro da Ilha de Upaon-Açu.
http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2014/06/ocupacoes-desordenadas-ameacam-reservatorio-do-batata-em-sao-luis.html
Recursos Hídricos:Manancial
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