O Globo, Rio, p. 24 - 21/06/2015
Manguezal foi o principal ecossistema atingido em vazamento de óleo na Baía de Sepetiba
Local faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) do município de Mangaratiba
Renan França
O vazamento de óleo em um dos dutos da Transpetro, uma subsidiária da Petrobras, trouxe consequências para um ecossistema importante da Baía de Sepetiba, na Costa Verde. De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, que sobrevoou a região na manhã deste sábado, a área do manguezal, nas margens da baía, recebeu a maior parte do material derramado. O lugar faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) do município de Mangaratiba. Segundo ele, ainda não é possível saber a quantidade de óleo que atingiu os mangues, mas, dependendo do volume recebido, haverá desfolhamento da vegetação, prejudicando a fauna local.
- O problema do mangue é que o sedimento dele é fino, fazendo o ecossistema agir igual a uma esponja. Então, dependendo do volume de óleo que recebeu, ele vai armazená-lo por um bom tempo, até conseguir eliminar a carga. Pelo sobrevoo é difícil concluir quanto do material derramado chegou até o mangue. Mas há poucas manchas de óleo na água da baía. Será necessária uma avaliação minuciosa no manguezal para ver o tamanho do estrago - afirmou o Moscatelli.
CONFLITO SOBRE ESTIMATIVAS
O vazamento ocorreu no duto Orbig, que transporta óleo pesado de Angra dos Reis para ser refinado na Reduc, em Duque de Caxias. A estimativa da prefeitura de Mangaratiba sobre a quantidade de óleo derramado é de 30 mil litros. A Transpetro, porém, afirma que o derramamento foi de 600 litros, 50 dos quais teriam ido ao mar. Na sexta, a companhia afirmou que o problema ocorreu após uma tentativa de furto de óleo. A empresa também disse que registrou queixa, mas não informou em qual delegacia foi feito o registro.
- No Brasil, eu nunca vi nenhuma empresa assumir responsabilidade ambiental sobre algum dano que comete. Eu não lembro de ninguém, principalmente de uma companhia estatal. É muito mais fácil colocar a culpa em um terceiro - diz Moscatelli. - Outra dúvida que fica no ar é sobre quem iria roubar óleo bruto. O local onde começou o derramamento passa junto a um morro, relativamente próximo à estrada Rio-Santos. A hipótese mais provável é que possa ter havido falta de manutenção. Mas é a polícia que precisará investigar para chegar às causas do problema.
O Inea afirmou, por meio de uma nota, que o óleo está concentrado no Rio Itinguçu, mas que, dependendo da chuva, ele pode chegar ao mar. Disse ainda que funcionários da Transpetro estão trabalhando na colocação e retirada de barreiras de contenção. Por fim, afirmou que não identificou nenhuma evidência de que o óleo tenha extrapolado a área da enseada de Coroa Grande e Itacuruçá.
O Globo, 21/06/2015, Rio, p. 24
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