Ibama quer fechar estrada na Floresta Nacional

Gazeta do Povo-Curitba-PR - 22/05/2005
Antes de completar um ano da implantação da Floresta Nacional em Piraí do Sul, a região presencia o primeiro impasse entre a preservação ambiental e a presença humana. O Instituto Nacional de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quer o fechamento de uma estrada de 2,5 quilômetros que corta a área, com o argumento de que a fauna está em risco. Mas a restrição do acesso deve dificultar a vida de pelo menos 20 famílias de pequenos agricultores do entorno.

A floresta foi criada por decreto presidencial no segundo semestre do ano passado, com o objetivo principal de assegurar um banco genético de sementes de Araucária, árvore ameaçada de extinção. Nos 124,8 hectares da floresta ainda estão presentes espécies como o pau-jacaré e a bracatinga, além gralhas azuis e cotias. O tráfego de caminhões e o depósito de lixo estariam colocando em risco o equilíbrio ecológico do local. "Encontramos sempre animais atropelados, como gambás e cobras", conta o superintendente substituto do Ibama no Paraná, Valdecir Raimundo. Segundo ele, também é freqüente o despejo de lixo doméstico e até industrial na mata.

O fechamento da estrada é apontado pelo Ibama como a medida ideal, mas outras alternativas estão sendo estudadas, como a colocação de cancelas e a restrição da passagem apenas em alguns horários. O secretário municipal da Agricultura em Piraí do Sul, Marcos Tito de Luca, destaca que a estrada é municipal e que cabe à prefeitura decidir pelo fechamento. Para aproveitar mais a biodiversidade da floresta, o município estuda a implantação de um laboratório de fitoterápicos e a criação de um ponto de apoio para cavalgadas, como parte do projeto Rota dos Tropeiros.

Os moradores da localidade de Remonta estão descontentes com as dificuldades que precisarão enfrentar se a estrada for mesmo fechada. A ração para os frangos da pequena granja de Márcia Solak Castanho chega de caminhão, utilizando a estrada que corta a floresta. Sem esse acesso, o trajeto até o centro de Piraí do Sul deve ser ampliando em 14 quilômetros. Até para levar os filhos à escola, Márcia precisará usar o novo percurso. "Falam em manter o homem no campo, mas complicam tanto", reclama. Para a dona de casa Roseli Aparecida da Silva, que vai a pé até Piraí do Sul para fazer compras na mercearia, o possível fechamento da estrada representa um transtorno. "Daí, o que é que eu vou fazer?", indaga. Uma reunião está sendo agendada para os próximos dias entre Ibama, prefeitura e moradores e deve definir o impasse.
((Katia Brembatti-Gazeta do Povo-Curitba-PR-22/05/05)
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