Mais um importante acordo entre o Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no Estado do Amapá e a organização ambientalista CI-Brasil - Conservação Internacional acaba de ser firmado. Desta vez, a parceria irá beneficiar a Esec - Estação Ecológica de Maracá-Jipioca, única reserva de proteção integral totalmente inserida em ambiente de estuário no estado do Amapá.
Apesar de encontrar-se com a situação fundiária regularizada, uma equipe técnica formada e com o Plano de Manejo em andamento, a Estação apresenta limitações orçamentárias. Para contornar a situação, a CI-Brasil liberou R$ 100 mil que serão destinados à infra-estrutura e às atividades desenvolvidas pelo Ibama na área, como pesquisa científica, ações de controle e fiscalização e projetos de educação ambiental, por exemplo.
"Em momentos de dificuldades como os que a Amazônia vem passando, o estabelecimento de parcerias - como essa com o Ibama-Amapá - podem ser de fundamental importância no fortalecimento de ações para a conservação", comenta José Maria Cardoso, vice-presidente de Ciência da Conservação Internacional.
No que se refere à proteção da Unidade de Conservação, esse recurso terá importância fundamental. Algumas das mais significativas e preservadas amostras de manguezais do estado do Amapá estão na Esec de Maracá-Jipioca, que sofre bastante pressão por parte das atividades de caça e pesca. A procura pelos recursos pesqueiros na região de entorno da Unidade, por barcos comerciais de outros estados ou mesmo de países limítrofes, é intensa.
Outro problema grave é a ocorrência de incêndios criminosos, iniciados por caçadores, na tentativa de emboscada da fauna. Para se ter uma idéia, no ano de 2003, cerca de 30% da área da Estação - quase 16 mil hectares - foram destruídos por um incêndio criminoso que durou cerca de 75 dias. O incêndio foi controlado com a atuação da equipe de brigadistas e técnicos do Ibama, auxiliados por voluntários e pela ocorrência de chuva. Em 2004, graças ao trabalho preventivo da equipe gestora e brigadistas, não houve registro de fogo na unidade, resultado que se espera manter no período de estiagem deste ano.
A aquisição de equipamentos e materiais para a construção da infra-estrutura da Unidade também deverá ser feita a partir do fechamento da parceria. Com isso, a execução de projetos de pesquisa e a continuidade das atividades de proteção e fiscalização na área serão viabilizadas, além da execução de atividades relacionadas à elaboração do Plano de Manejo, como reuniões com as comunidades de entorno da unidade e o início de discussões sobre o zoneamento destas áreas, por exemplo.
"Com a viabilização da parceria Ibama-CI-Brasil, fortalecemos as ações de gestão das unidades de conservação federais no Amapá, com a elaboração dos Planos de Manejo, considerando que a Maracá-Jipioca ainda não dispunha de dotação orçamentária para essa finalidade", ressalta Edivan Barros de Andrade, gerente executivo do Ibama no Amapá.
Esec Maracá-Jipioca - Localizada no município de Amapá, em uma área apontada como de alta prioridade para a conservação da biodiversidade na região Amazônica¸ a Esec de Maracá-Jipioca engloba as ilhas Maracá Norte, Maracá Sul e Jipioca e situa-se estrategicamente próxima ao estuário do Amazonas.
Com 72 mil hectares, a região é considerada de extrema importância biológica devido a suas zonas costeira e marinha, que apresentam ecossistemas com elevada vulnerabilidade. A Estação foi criada em 1981 e possui grande diversidade de espécies de peixes, caranguejos e camarões, tendo sido apontada como um dos sítios potenciais para o estabelecimento de um programa de monitoramento de aves migratórias no Brasil, projeto desenvolvido pela Conservação Internacional, em associação com a Sociedade Brasileira de Ornitologia, a Sociedade Fritz Muller de Ciências Naturais e o US Fish and Wildlife Service, dos Estados Unidos.
Segundo o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação, áreas como a Estação Ecológica de Maracá-Jipioca têm como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, sendo a posse e domínio públicos. Nesse tipo de Unidade, é permitida a visitação pública - somente com objetivo educacional e de acordo com o Plano de Manejo da área protegida.
"Esse novo acordo visa resgatar o modelo de Estação Ecológica, criado nos anos 70 para fomentar o desenvolvimento de pesquisas científicas. A intenção é que essa área possa receber ainda mais projetos voltados à pesquisa", afirma Enrico Bernard, coordenador de projetos para a Amazônia, da CI-Brasil.
(Patrícia Sullivan-Ibama-Brasília-DF-09/08/05)
UC:Estação Ecológica
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