Incêndio de grandes proporções destrói área de conservação do Parque Estadual do Rio do Peixe, em Ouro Verde
No total, mais de 462 hectares foram danificados. Polícia Ambiental constatou que a falta de estradas para manutenção e combate a fogo contribuiu para que chamas se alastrassem.
Por G1 Presidente Prudente
30/04/2018 09h04 Atualizado 30/04/2018 17h16
m incêndio em grandes proporções foi registrado neste fim de semana no Parque Estadual Rio do Peixe, em Ouro Verde. No total, mais de 462 hectares foram danificados pelas chamas, sendo a maioria de área de conservação, conforme a Polícia Militar Ambiental. A corporação e funcionários de usinas locais combateram o fogo.
Neste domingo (29), durante a "Operação 1o de Maio", em patrulhamento rural ambiental preventivo pela área do Parque Estadual Rio do Peixe, a equipe avistou grande quantidade de fumaça no interior do parque, momento em que acessou a área que estava sendo queimada através de uma fazenda que faz divisa com o local danificado, bem como notou, de forma prévia, que o foco originou-se, provavelmente, dentro da circunscrição do parque.
Em seguida, os policiais percorreram a área acessível de onde houve o incêndio, a fim de verificar se havia indícios da origem do fogo, momento em que se depararam com funcionários de várias usinas da região que trabalhavam para combater o incêndio. Os militares, então, passaram a ajudar os homens nos trabalhos para extinguir os focos ainda existentes nas dependências do parque.
Conforme a corporação, em virtude dos fortes ventos, o fogo transpassou a estrada e atingiu o canavial ali existente. Imediatamente foram criadas frentes de trabalho com auxílio de caminhões pipas e tratores, com o uso de técnicas de combate do fogo, bem como aplicação de métodos preventivos para que não se alastrasse até a área de preservação permanente e, novamente, atingisse o parque.
Após o auxílio às equipes, os policiais fizeram contato com um engenheiro ambiental, que declarou que foi informado por funcionários de uma fazenda, por volta das 21h do sábado (28), que havia um incêndio no Parque Estadual Rio do Peixe e que acionou imediatamente o Plano de Auxílio Mútuo (PAM) para combater o fogo.
A ação contou com sete caminhões pipas, um trator com tanque da fazenda, uma patrola, um trator e uma carreta tanque. A brigada de combate a incêndio totalizou 32 pessoas funcionárias das usinas.
Durante os trabalhos de fiscalização com auxílio do terminal móvel de dados os policiais realizaram a mensuração de toda área atingida pelo fogo e constataram os danos em três áreas:
1) 295,96092 hectares dentro de unidade de conservação do Parque Estadual Rio do Peixe, com vegetação atingida em estágio secundário pioneiro de regeneração (vegetação exótica do tipo brachiaria e cana-de-açúcar);
2) 111,51796 hectares de área comum localizada dentro da área de zona de amortecimento do parque, com vegetação exótica de cana-de-açúcar;
3) 56,51257 hectares de área comum localizada dentro da área de zona de amortecimento do parque, com vegetação exótica de cana-de-açúcar.
Na sequência, um funcionário da fazenda vizinha também foi contatado e confirmou as informações do engenheiro, representante da usina, e ainda acrescentou que o foco teve início dentro do parque, próximo a divisa com a fazenda, que tentou combater fogo e acionou a usina, notando que o incêndio tomou grandes proporções.
Não foi identificada autoria dos fatos e não foi vislumbrado nexo de causa da queima dos canaviais, porém a ocorrência foi encaminhada à Delegacia da Polícia Civil para investigação da autoria, devido a área atingida ser uma unidade de conservação.
A Polícia Militar Ambiental ressaltou que foi notado pela equipe que no interior da área de parque não existem aceiros e nem estradas para manutenção e combate a incêndio, o que contribuiu para que as chamas se alastrassem em grandes proporções.
Incêndio foi registrado no Parque Estadual Rio do Peixe (Foto: Polícia Ambiental/Cedida) Incêndio foi registrado no Parque Estadual Rio do Peixe (Foto: Polícia Ambiental/Cedida)
O parque foi criado em 2002 pela Companhia Energética de São Paulo, como "forma de compensação" pela construção da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, conforme informações do Governo do Estado de São Paulo.
A área protege ecossistemas de várzeas do Rio do Peixe, um afluente do Rio Paraná, e se estende pelos municípios de Ouro Verde, Dracena, Presidente Venceslau e Piquerobi.
A região constitui o "Pantaninho paulista" e é um dos últimos locais onde ainda existe o Cervo-do-pantanal no estado, que é a maior espécie de veado da América do Sul, chegando a medir dois metros.
Fundação Florestal
Por meio de nota, a Fundação Florestal, responsável pela administração do Parque Estadual do Rio do Peixe, informou que as causas e extensão do incêndio estão sendo apuradas, mas vale ressaltar que a área atingida é composta por pastagens e a vegetação florestal não foi atingida. O combate ao incêndio se deu a partir de uma estrada que dá acesso ao Parque e os aceiros em seu entorno e contou com o apoio das brigadas de incêndio das Usinas da região, que possuem equipamentos apropriados para área rural, segundo a fundação.
De acordo com a nota, o terreno dessas áreas é extremamente instável, seja pela grande extensão de solos arenosos ou áreas úmidas que dificultam ou inviabilizam a abertura de estradas e acessos internos, inclusive para empenhar ações de combate a incêndios.
"Importante ressaltar que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA) e Fundação Florestal já estão tomando medidas preventivas de combate por meio do Programa Corta-Fogo, como articulação para a manutenção de aceiros no entorno e intensificação da vigilância rondante. Devido à ausência de chuvas e ventos típicos do período de estiagem que se inicia, alguns focos de incêndios já vêm sendo registrados, especialmente no interior do Estado", enfatiza a nota.
A SMA solicita à população que colabore com as medidas preventivas, uma vez que a maior parte dos incêndios é provocada por irresponsabilidade no uso do fogo. O tempo seco contribui para que pequenos focos se espalhem, causando grandes incêndios que prejudicam seriamente as áreas florestais e ameaçam também a região urbana e rural.
As principais ameaças que acabam por gerar grandes incêndios tanto florestais como campestres são práticas como: queimar lixo e usar fogo para limpeza de terrenos em áreas próximas à vegetação natural, jogar pontas de cigarro em rodovias e soltar balões. A população pode ajudar denunciando junto à Polícia Militar. Outra opção é usar o aplicativo "Denúncia Ambiente", disponível para smartphones gratuitamente, finaliza a nota da fundação.
https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/incendio-de-grandes-proporcoes-destroi-area-de-conservacao-do-parque-estadual-do-rio-do-peixe-em-ouro-verde.ghtml
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