Entidades montam plano diretriz sobre Escarpa Devoniana
14 DE DEZEMBRO DE 2018 19:31
Rodrigo de Souza
Objetivo é promover um desenvolvimento rural sustentável na região da área de preservação ambiental. Proposta de redução da APA foi retirada da Alep.
O debate a respeito da área de preservação ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, localizada nos Campos Gerais, ganhou corpo com a retirada do projeto de lei na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) que planejava reduzir a área de proteção em 68%. No final de outubro os autores do projeto - deputados estaduais Plauto Miró (DEM) e Ademar Traiano (PSDB) - pediram o arquivamento da proposta e deixaram que o próprio Conselho Estadual da Escarpa Devoniana apresente um plano de ação sobre o tema.
A retirada abriu espaço para que entidades regionais discutissem novos modelos de utilização sustentável do espaço, que atualmente conta com 392 mil hectares e perpassa por 12 municípios paranaenses - a maioria pertencente à região dos Campos Gerais. No início de dezembro, os deputados estaduais Péricles de Mello (PT) e Rasca Rodrigues (Pode) realizaram uma audiência pública na Alep com o objetivo de apresentar um plano diretriz para o desenvolvimento rural sustentável na APA da Escarpa Devoniana.
De acordo com Péricles, a proposta tem o objetivo de fazer com que a Escarpa Devoniana seja utilizada da maneira correta, com um consenso entre todas as entidades e grupos sociais envolvidos, evitando com que o espaço fique 'abandonado' como acontece nos dias atuais. "Compreendemos que não bastava a não-aprovação do projeto. Mesmo sem o projeto, a escarpa continuava destruída. Então precisamos focar e a partir daí fazer uma proposta para a APA. Isso permitiu que conversássemos com as outras partes interessadas no uso daquele espaço", explica o deputado.
As propostas contidas no plano perpassam por alguns itens. O primeiros deles tem o objetivo de conservar habitats e paisagens remanescentes. Considerada a ação mais urgente da APA, a ideia é viabilizar a capacidade de regeneração dos ecossistemas e garantir a conservação da biodiversidade e aspectos cênicos. Um das sugestões do projeto, por exemplo, é apoiar a implantação do Parque Nacional dos Campos Gerais, entre Ponta Grossa, Castro e Carambeí, e que seria responsável pela conservação do local, ao lado do Parque Estadual do Guartelá e do Parque Estadual de Vila Velha.
A segunda estratégia é a recuperação de áreas de preservação permanente em nascentes e rede hidrográfica. O professor do departamento de Geociências da UEPG e um dos idealizadores do projeto, Gilson Burigo, afirma que o espaço conta com água limpa e em abundância, um dos grandes desafios da sociedade para o século XXI. O estudo também busca promover a diminuição dos impactos ambientais dos sistemas de produção do agronegócio.
Ação cria alternativas sustentáveis de produção
Os três itens, de acordo com o estudo, abrirão caminho para o fomento de alternativas sustentáveis de produção, como o desenvolvimento do turismo ambiental, de produtos orgânicos e opções ambientalmente corretas de produção agropecuária. A proposta tem o apoio da Universidade Estadual de Ponta Grossa e é assinada pelo Laboratório de Mecanização Agrícola (Lama) e pela Fundação de Apoio ao desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da UEPG (Fauepg). Segundo Péricles, o projeto foi visto com bons olhos pelo futuro governador Ratinho Junior (PSD) e pelos deputados que apresentaram a proposta inicial de redução da área. A ideia é transformar o plano diretriz em um plano executivo, para que as sugestões saiam do papel e comecem a ser desenvolvidas.
http://d.arede.info/campos-gerais/242429/entidades-montam-plano-diretriz-sobre-escarpa-devoniana
UC:APA
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