No fim da Rua São Francisco, no alto do bairro Barata, em Realengo, na Zona Oeste, um grupo paramilitar invadiu uma área de mata que fica aos pés do Parque estadual da Pedra Branca para construir imóveis. Segundo quem vive no bairro, essa milícia atua na região há mais de 10 anos. Nesse tempo, ao menos 10 casas foram construídas irregularmente. Há pouco menos de um ano, o grupo paramilitar resolveu expandir os empreendimentos e voltou a construir pelo menos cinco prédios, atualmente em andamento.
Quem vive na região diz que a culpa da inundação que afetou dezenas de casas na localidade, no último domingo, foi devido a uma tubulação que os milicianos colocaram em uma passagem de água - que vem do parque e segue para um rio que corta o bairro. A manilha não teria comportado, arrebentou e saiu derrubando tudo que viu pela frente. A obra, de acordo com moradores, já havia sido denunciada, chegou a ser embargada pela prefeitura. No entanto, voltou nos últimos dias.
- Isso aqui tem pouco mais de um ano. Eles desmataram e aterraram uma parte da manilha da água que vem lá da cachoeira. Com isso, não suportou e saiu levando tudo o que estava pela frente - diz um dos moradores afetado pelo problema.
Outro morador, que não quis se identificar por medo, disse:
- Já ligamos várias vezes para a Prefeitura e nada. A obra segue a todo vapor. Estão fazendo isso para ganhar dinheiro, mas não pensam nas outras pessoas. São dezenas de casas afetadas e agora?
No momento da chuva, a força da água arrebentou um muro de contenção onde fica a manilha parcialmente aterrada e invadiu a casa onde estava pai, mãe e uma criança de 11 anos. Por sorte, a família não morreu afogada. Foram salvos por um vizinho.
- É melhor deixar isso pra lá. Perdi tudo e vou recomeçar. Não quero mexer com eles para eles não mexerem comigo - diz o dono da residência.
Uma segunda casa que fica perto da contração irregular também foi atingida. Não restou nada do local. Por medo, os moradores decidiram abandonar a residência.
Procurada, a Polícia Civil não respondeu até a publicação desta matéria.
Procurada, a prefeitura respondeu que a Pedra Branca é "monitorada frequentemente", mas não se trata de uma área de alto risco porque "áreas mais críticas são aquelas cujas encostas estão ocupadas por construções irregulares". O município informou que as secretarias de Urbanismo e Meio Ambiente e a Fundação Rio Águas "seguem os trâmites legais para remover infratores".
Já o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse, por nota, que realiza regularmente fiscalizações para reprimir construções irregulares e desmatamento no Parque da Pedra Branca. Mas alegou que é competência do município fiscalizar loteamentos em zonas de amortecimento da unidade - áreas em que as atividades também devem estar sob controle para conter a ocupação humana.
Novas construções
Muitos moradores voltaram a reclamar de uma construção de prédios irregular nos pés do Parque Nacional da Pedra Branca. O conjunto habitacional, que está sendo erguido pela milícia, teria sido o responsável por entupir a rede de canalização de um rio que desce do parque.
- Esses prédios são todos irregulares. Algumas casas já foram erguidas por esse povo e agora estão levantando mais. Não se emendam. Já aconteceu isso. Vão levantar e vai acontecer igual lá na Muzema. Eles (os milicianos) estão desmatando tudo para construir mais residências - disse um morador.
https://extra.globo.com/noticias/rio/construcoes-irregulares-tem-crescido-no-parque-estadual-da-pedra-branca-24283421.html
UC:Parque
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