Desmatamento ameaça e pressiona áreas indígenas e de conservação em MT
No Estado, a terra indígena Aripuanã, habitada pelos cintas largas, aparece entre as 10 no ranking de ameaça em áreas protegidas
Um estudo feito por seis organizações da sociedade civil alerta para o avanço do Arco do Desmatamento rumo ao coração da Amazônia Legal, região da qual Mato Grosso faz parte.
A preocupação também é grande em relação à Bacia do Xingu e cresce diante do fim da época de chuvas, período em que, historicamente, há um incremento das queimadas ou incêndios florestais na região.
Para se ter ideia da situação, no ano passado, a taxa de desmatamento na Amazônia foi a maior dos últimos dez anos.
Somente entre agosto de 2019 e abril deste ano, já foram desmatados 566 mil hectares, o que revela, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) uma tendência de aumento de 94% em relação ao período anterior.
Em relação às queimadas, o cenário também é de intranquilidade. Somente entre agosto do ano passado e abril deste ano, o Inpe revela que 78,4 mil focos de queimadas foram detectados, 20% a mais do que o período anterior.
Alertas como estes constam em documento assinado pela Rede Xingu +, Greenpeace Brasil e pelos Institutos Internacional de Educação do Brasil (IEB); do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon); de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e o Instituto Socioambiental (ISA).
O relatório foi entregue, no dia 17 deste mês, aos Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) e ao governo do Pará, epicentro da destruição da floresta e pede que sejam tomadas ações efetivas e urgentes a nível federal e estadual para coibir o desflorestamento.
Os dados foram construídos a partir de dados de três sistemas de monitoramento de desmatamento, sendo eles, o Deter do Inpe; o de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon; e o de Indicação Radar na Bacia do Xingu (Sirad X).
Em relatório denominado "Ameaça e pressão de desmatamento em áreas protegidas SAD de fevereiro a abril de 2020", o Imazon aponta, que neste período, o SAD detectou um total de 885 km2 de derrubada da floresta na Amazônia.
O cruzamento dos dados do sistema com a grade de cédulas de 10 km x 10 km revelou 1.739 células com ocorrência de desmatamento, sendo 921 (53%) indicam ameaça e 818 (47) pressão em decorrência de atividades como extração de madeira, garimpo e hidrelétrica.
No Estado, a terra indígena (TI) Aripuanã, habitada pelos povos da etnia cinta larga, aparece entre as 10 no ranking de ameaça em áreas protegidas.
Por lá, forma detectadas nove células. Entre as unidades de conservação (UC) encontra-se a Reserva Guariba Roosevelt, entre os municípios de Aripuanã e Colniza, com 10 células sob ameaça e nove sob pressão.
As APs mais ameaçadas no Pará, a exemplo da APA Tapajós, e no Amazonas, como o Parna Mapinguari.
Conforme o Imazon, ameaça é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma área de proteção (AP).
Já a pressão ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da área, ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.
Na representação entregue as autoridades públicas, as instituições destacam que as queimadas provocam aumento do material particulado emitido para a atmosfera, degradando a qualidade do ar, e, consequentemente, aumentando a incidência de doenças respiratórias na população Amazônica.
"Situação que pode se agravar ainda mais esse ano, graças ao cenário político de retrocessos na legislação ambiental e às limitações impostas pela Covid-19, dissemina rapidamente entre os povos indígenas e comunidades extrativistas da região, que historicamente carecem padecem com a precariedade do sistema de saúde".
Vale lembrar que a exemplo de anos anteriores, Mato Grosso segue líder em queimadas. Dados do Inpe apontam que de janeiro de 2020 até ontem, dos 22.771 focos de calor detectados no país, Mato Grosso respondia pela maioria, com 6.260 dos pontos de queimadas.
Essa quantidade representa um aumento de 7% comparado ao mesmo período do ano passado ((5.811). No Estado, dentre os municípios com maior número de focos estavam Poconé (407), Nova Maringá (283) e Feliz Natal (258). Dos biomas, o cerrado e a Amazônia respondiam por 32,7% e 32,3% das queimadas, respectivamente.
XINGU - De acordo com as seis organizações da sociedade civil as áreas protegidas da bacia do Xingu, entre Mato Grosso e o Pará, figuram entre as mais vulneráveis, com quase nove mil hectares desmatados só neste ano, perfazendo 56% a mais do que no mesmo período de 2019.
A bacia do Xingu cobre uma área de pouco mais de 50 milhões de hectares entre os dois estados. Ela abriga 28 TIs e 18 unidades de conservação (UCs), conforme o Greenpeace.
Segundo o Sistema "Sirad X", nos quatro primeiros meses do ano, o desmatamento na bacia do Xingu aumentou 20%.
A análise aponta que 25% do desmatamento ocorreu dentro de áreas protegidas, somando quase 9 mil hectares, 56% a mais que no mesmo período de 2019.
http://www.diariodecuiaba.com.br/cidades/desmatamento-ameaca-e-pressiona-areas-indigenas-e-de-conservacao-em-mt/534232
Amazônia:Desmatamento
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Guariba-Roosevelt
- TI Aripuanã
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.