Executivo afirmou ter passado o fim de semana no parque e sentido falta de banheiros e estacionamentos adequados. Projeto é polêmico e segue debaixo de críticas por falta de diálogo.
Em uma coletiva de imprensa convocada pelo Palácio Araguaia, na tarde desta segunda-feira (20), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, disse que as comunidades quilombolas serão "sócias" na concessão do Jalapão e vão receber parte do dinheiro arrecadado dos turistas. Ele não soube dizer o valor dos percentuais porque isso ainda será calculado.
"O objetivo é que eles tenham um percentual do faturamento das atrações. Ainda está em estudo ainda qual este percentual, será divulgado oportunamente, não posso dar uma estimativa de um valor financeiro, mas o objetivo é que eles sejam sócios efetivos. A pessoa foi lá, comprou um bilhete, comeu um sanduíche, tomou um refrigerante, parte daquilo ali vai ser revestido para a comunidade. Ou seja, quanto mais visitação, mais a comunidade vai receber", disse.
O executivo, cuja instituição está financiando o projeto da concessão, afirmou ter passado o fim de semana conhecendo a região, além de conversar com comerciantes e operadores do turismo. Segundo ele, faltam banheiros e estacionamentos adequados no Jalapão.
Antes da entrevista, o presidente também se reuniu com empresários no gabinete do governador Mauro Carlesse (PSL). Ele insistiu na necessidade de repassar o parque para a iniciativa privada e disse que sugestões poderão ser analisadas nas audiências públicas, que ainda nem foram marcadas.
O governador, por sua vez, aproveitou para se defender das críticas de que estaria vendendo o Jalapão. "Às vezes tem algumas perguntas: Carlesse vai vender o Tocantins, vai vender o Jalapão. É o progresso, nós temos que ter nosso Jalapão, o nosso Cantão, a Ilha do Bananal, o mundo tem que visitar. Isso só vai trazer benefício àquela comunidade", afirmou.
Segundo o governo, no próximo dia 30 será apresentado o estudo com detalhes da viabilidade técnica e o impacto que a concessão deverá provocar. A previsão é que a concessão ocorra até o fim do ano.
Polêmicas
O projeto de concessão dos parques estaduais foi aprovado em agosto na Assembleia Legislativa. O texto passou por três comissões e foi votado em dois turnos em uma única tarde. Pouco mais de 24 horas depois, o projeto foi sancionado por Mauro Carlesse.
A principal reclamação tem sido a falta de participação da sociedade, principalmente das comunidades tradicionais que vivem na região. É o que afirma o presidente da associação das comunidades quilombolas, Joaquim Neto Almeida:
"Somos nós que vamos ser impactados, somos nós então que devemos falar se queremos a concessão, se não queremos, como ela deve ocorrer, para quem deve ser feita. A nossa dignidade não está à venda por uma porcentagem no contrato. A nossa cultura não está à venda, o nosso modo de vida e todos os nosso sonhos também não estão à venda", disse.
Na semana passada, após muita pressão, o governo chamou os prefeitos de municípios que fazem parte do parque para falar sobre o projeto.
Inicialmente o governo chegou a dizer que estava aprovando apenas a realização de estudos preliminares, mas depois foi revelado que o projeto estava praticamente pronto. A TV Anhanguera teve acesso ao estudo com exclusividade.
https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2021/09/20/presidente-do-bndes-afirma-que-quilombolas-serao-socios-na-concessao-do-jalapao.ghtml
Quilombo
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