No Norte do Brasil, agentes do Ibama flagraram a exploração de madeira ilegal e a grilagem de terras públicas em reservas estaduais. Estrada bloqueada com toras de madeira.
Ponte destruída. "Aí para dentro está acontecendo uma extração ilegal muito forte, degradação ambiental em grandes proporções, e aí eles derrubaram essa ponte para impedir o avanço da fiscalização", diz um agente.
A fiscalização do Ibama, com apoio da Força Nacional, não conseguiu avançar por terra em alguns pontos da Reserva Extrativista Guariba, no Amazonas. Mas, com câmeras escondidas na floresta, registrou bandidos retirando nove máquinas pesadas de dentro da unidade de conservação de madrugada.
"Revisaram a ponte, tiraram as máquinas que estavam aí para dentro", conta um agente. "Após a gente conseguir ultrapassar as pontes derrubadas no local, a gente conseguiu constatar bastante tipos de crimes ambientais, como extração ilegal de madeira, desmatamento, queimadas, e vários outros crimes que estão sendo cometidos naquela região", diz Admarins Garros, agente ambiental federal.
Em áudios, grileiros tentam aumentar a invasão da área. "O negócio lá que está querendo pôr mais gente lá para dentro, entendeu? Que lá só tem mais de fazendeiro. Aí chacreiro tem pouco".
Um homem detido pela fiscalização confessa que estava tirando madeira da unidade de conservação e que tem um lote na área. "Nós veio com a ideia de tirar essa madeira, nós veio tirar. Tipo assim: vou contar, vou contar a realidade, porque nós tá desempregado".
"Primeiro, eles entram na região e extraem a madeira. Essa madeira já vai gerar lucro para que eles possam fazer o desmatamento. E isso vai juntando gente até chegar a um ponto que cada um já tem o seu lote demarcado de qualquer forma e, quando você vê, já existe praticamente uma vila em uma região dessa", afirma o agente ambiental federal Admarins Garros. Sinais de invasão também no Parque Estadual Manicoré, outra unidade de conservação do Amazonas.
As equipes de fiscalização destruíram as estruturas construídas ilegalmente e apreenderam armas, motosserras e um caminhão carregado de madeira ilegal dentro da unidade de conservação. Em outro ponto da reserva, um rastro de desmatamento chamou atenção: uma pista de pouso de 1,3 mil metros.
"Uma pista dessa naquela região, onde não existe nenhuma propriedade, nenhuma fazenda grande por perto e tratando-se de unidade de conservação, não tem outro caminho que não seja uma pista de pouso para tráfico de drogas. Não existe outra possibilidade", afirma Admarins Garros. O Ibama investiga os crimes ambientais nessa região de unidades de conservação na Amazônia há pelo menos cinco anos e afirma que eles começaram em Mato Grosso, na Reserva Extrativista Guariba Roosevelt, distante mais de mil quilômetros de Cuiabá.
Nesses últimos cinco anos, só na reserva do estado, quase 10 mil hectares foram desmatados. Os alertas registrados em 2024 até agora já superaram os de 2023.
Em alguns pontos, o desmatamento já deu lugar a criação de gado. Uma reserva que faz divisa e sobreposição com a Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, onde vivem indígenas isolados.
A articulação dos povos indígenas do Brasil pediu a retirada dos invasores da região em uma ação no STF. "Quando a gente fala de terras indígenas com a presença de indígenas isolados, a gente está falando de uma situação de extrema gravidade. Então, a gente avalia que esse processo deve ser feito o quanto antes", diz Maurício Terena, advogado da APIB.
A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso afirmou age com firmeza no combate aos crimes e que desde o começo de 2024 fez 37 operações na reserva extrativista Guariba Roosevelt. A Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas declarou que identificou atividades ilegais dentro da Reserva do Guariba e que acionou a Procuradoria-geral do estado para responsabilizar os envolvidos.
https://www.folhamax.com/economia/baroes-invadem-10-mil-hectares-de-reserva-para-criar-gado-em-mt/452930
PIB:Oeste do Mato Grosso
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Guariba-Roosevelt
- TI Kawahiva do Rio Pardo
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