Três empresas vencem leilão para extrair madeira por 'manejo sustentável' no sul do Amazonas
Expectativa é que projeto reduza pressão por desmatamento ilegal e gere 932 empregos diretos na região
Ana Flávia Pilar
21/05/2025
Três empresas venceram, nesta quarta-feira (21), o leilão para realizar o chamado "manejo florestal sustentável" da Floresta Nacional (Flona) do Jatuarana, no município de Apuí, no sul do Amazonas. Elas terão o direito de plantar e explorar madeira de forma planejada, ao mesmo em que deverão realizar investimentos na região. O leilão foi realizado na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB). É o primeiro leilão de manejo florestal realizado na B3.
Após o certame, vai haver aumento de 34% na área de floresta sob concessão, que passará dos atuais 1,31 milhão de hectares para 1,75 milhão de hectares. Pelas regras as empresas poderão colher de cinco a seis árvores por hectare, uma vez a cada 37 anos.
- Esse é um novo ciclo de prosperidade, porque o nosso objetivo é, em primeiro lugar, conservar, mas isso não está separado de gerar emprego e de gerar renda. As florestas nacionais vão dar suprimento de madeira correta tanto para o país quanto para as nossas exportações e com isso ajudar a reduzir a emissão de CO2, frear o desmatamento e combater as ilegalidades - disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A Floresta do Jatuarana ocupa uma área de 570 mil hectares. Desse total, cerca de 453 mil hectares foram destinados à concessão, divididos em quatro grandes áreas chamadas de Unidades de Manejo Florestal (UMFs). Cada uma delas foi leiloada separadamente. As empresas vencedoras foram OC Prime Comércio e Industrialização de Madeiras LTDA, E. Duarte da Silva LTDA e Brasil Tropical Pisos LTDA, sendo a última a vencedora de duas UMFs.
Além de reduzir a pressão por desmatamento ilegal, a expectativa é que o projeto gere 932 empregos diretos e outros 466 indiretos na região, além de arrecadar cerca de R$ 32,6 milhões por ano. A produção estimada é de 233 mil metros cúbicos de madeira em tora por ano.
Os contratos são de longo prazo, com validade de 37 anos, e preveem obrigações socioambientais, como pesquisa, fiscalização, educação ambiental, apoio a comunidades indígenas e proteção florestal. As empresas terão que investir, anualmente, ao menos R$ 226,7 mil em ações sociais e o mesmo valor na proteção florestal.
O processo de seleção combinou dois critérios. Metade da pontuação vinha da proposta técnica - quanto as empresas se comprometem a investir, por hectare, em proteção da floresta e em benefícios para as comunidades locais. Quanto maior o investimento, maior a pontuação. A outra metade veio da proposta financeira, ou seja, quem oferecesse o maior preço por metro cúbico de madeira extraída legalmente dentro das normas de manejo.
A concessão da Flona do Jatuarana faz parte de uma meta do governo federal, que pretende colocar 5 milhões de hectares de florestas públicas sob gestão sustentável até 2027, conforme estabelecido no Plano Plurianual (PPA). Estão previstas vinte novas concessões nesse intervalo, sendo 9 de restauração e 11 de exploração madeireira e não madeireira.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/05/21/tres-empresas-vencem-leilao-para-extrair-madeira-por-manejo-sustentavel-no-sul-do-amazonas.ghtml
Amazônia:Madeira-Exploração
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