O Parque Estadual Pico do Paraná sofre com o descaso e a falta de políticas públicas para sua conservação, segundo o engenheiro florestal, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador no Parque Estadual, Edson Struminski. "Desde a criação do Parque Estadual Pico do Paraná, em 2002, a gestão existe apenas no papel e não existe integração entre governo do estado, municípios, instituições relacionadas e sociedade civil", disse Struminski, que classificou a administração do parque, feita pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos em conjunto com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), como "gestão de emergência, que age apenas quando o problema aparece".
"O fato que comprova este descaso com o Pico Paraná é a repetição de queimadas num período curto", acrescentou Struminski. Ele avaliou os estragos causados por estas duas queimadas como irreversíveis. "Como neste ecossistema específico temos a presença de vegetação formada sobre solo rochoso, destruída pelo fogo dificilmente poderá se renovar. Em outros tipos de solo a vegetação demora mais de 500 anos para se renovar completamente, o que não é o caso da mata atlântica localizada nas montanhas do Parque Estadual, ali a perda não tem volta", afirma Struminski.
Segundo o engenheiro, o modelo de gestão correto seria a integração dos órgãos públicos com a sociedade civil. "Existem muitas pessoas que conhecem o parque e poderiam atuar na preservação dele, é necessário haver esta integração gestão, resta saber se há interesse na preservação da mata atlântica por parte do governo e da sociedade civil", disse Struminski.
O coordenador técnico da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) em Curitiba, Sandro Coneglian, disse que este descaso com as Unidades de Conservação de Proteção Integral, onde o Parque Estadual Pico Paraná esta locado, é generalizada no Brasil. "No território brasileiro temos 3% de áreas de conservação e de proteção integral, em todos eles não temos a atenção e o cuidado devido", disse Coneglian. Ele apontou três itens principais para o gerenciamento destas áreas: regularização fundiária (ou seja, todo o território de preservação deve pertencer ao Estado), plano de manejo e a implementação deste plano.
O problema, segundo Coneglian, é que a regularização fundiária praticamente não existe. Planos de Manejo, quando existem, são ineficazes ou não tem verba para serem implantados, portanto ele afirma "estas unidades de conservação, existem apenas no papel".
No caso dos incêndios do Parque Estadual Pico do Paraná, Coneglian afirma que eles possivelmente tenham ocorrido de maneira acidental, mas disse que poderiam ser evitados. "Se existisse um bom plano de manejo, com educação ambiental, monitoramento da área de preservação e fiscalização continua estes incêndios poderiam ser evitados ou quem sabe nem viessem a existir, certamente os estragos para a biodiversidade são irreversíveis", disse Coneglian.
Segundo o IAP, desde o incêndio que ocorreu no Parque Estadual, em setembro de 2007 quando foram queimados 70 hectares de mata nativa, o órgão ambiental vem buscando implantar no Pico Paraná o modelo de gestão já implantado em outros parques estaduais como o Pico do Marumbi e Caminho do Itupava, Vila Velha e Guartelá.
Segundo o órgão ambiental já foram realizadas reuniões com representantes da prefeitura de Campina Grande do Sul e também da Federação Paranaense de Montanhismo (Fepam). Quanto às medidas a serem tomadas quanto aos incêndios no Parque Estadual, o técnico do IAP, Harvey Schlenker fez a seguinte declaração, "na próxima semana, iremos nos reunir com o proprietário da fazenda que serve de acesso principal ao parque para discutirmos a possibilidade de cadastramento dos visitantes".
Em 1997 foi implantado no estado o Programa Proteção da Floresta Atlântica do Paraná - PRÓ-ATLÂNTICA, que teve um investimento de 15 milhões de Euros, vindos 65% do banco alemão BFW e 15% do Governo Estadual. Esta verba foi destinada à conservação da área de mata atlântica presente na Serra do Mar, onde está localizado o Parque Estadual Pico do Paraná que e abriga algumas das maiores formações rochosas do estado, entre as quais, o Pico do Paraná (1.877,39m), o Ibitirati (1.877m), o Ciririca, o Agudo da Cotia. O Paraná é o pico mais alto do Sul do País. (Fonte: Jornale Curitiba/PR)
UC:Parque
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Pico Paraná
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.